Pequenas e médias empresas (PMEs) aumentam a busca por capital de giro no fim do ano, mas encontram entraves com juros altos. Com faturamentos menores e uma perspectiva de um 2025 com alta da Selic, empresários brasileiros destacam ter que repensar a tomada de crédito para o próximo ano.
Dados recentes do Banco Central do Brasil (Bacen) revelam que as taxas de juros variam drasticamente de acordo com o prazo e a instituição financeira. No capital de giro pós-fixado, por exemplo, as taxas podem chegar até mais de 48%. Em prazos superiores a 365 dias, os bancos chegam a cobrar mais de 60% a.a.
Luis Fernando Januário, CEO da Avanti Open Banking, ressalta a importância do capital de giro para o desenvolvimento empresarial. “Além da segurança de poder operar em meses de baixa demanda, o capital de giro permite ao empresário aproveitar oportunidades, como promoções com fornecedores, por exemplo”.
Porém, ele adverte sobre os desafios impostos pelo sistema bancário. “A burocracia bancária é uma barreira enraizada no sistema financeiro. Conseguir capital de giro sem garantias é complexo, especialmente por conta dos riscos e da alta influência dos bancos”, destaca.
Otto Serrão, proprietário da metalúrgica Torch, também pontua sobre como mantém o fluxo de caixa em períodos de baixa ou diante de atrasos de clientes, especialmente em tempos de juros altos. Importando cobre e outros metais na indústria de transformação, destaca como o setor é dependente das políticas monetárias para aquisição de insumos.
O cenário de alta de juros atual, porém, não foi o maior que já viu. As crises financeiras de 2008 o obrigaram a recorrer a um empréstimo com taxas de juros acima da média. “Quanto menor a empresa, menos crédito e maior o custo. Levei dois anos para quitar o empréstimo”, recorda. O empresário afirma que sempre reserva o equivalente a um mês de faturamento para compor seu capital de giro.
Nelson Mesquita, empresário varejista, compartilha uma perspectiva semelhante: “Sempre foram altos; agora, então, não são considerados”, diz ele, que hoje reserva 10% de seu faturamento para capital de giro.
O valor nem sempre foi esse e já chegou a ser até 20% em períodos anteriores. Nelson destaca: “capital de giro é fundamental para o sucesso ou fracasso da empresa. Quem acha que pode gastar tudo que entra está fadado ao fracasso”.
O desafio, segundo Luis Fernando Januário, vai além da taxa. “Com o Open Finance, conseguimos avaliar melhor o perfil financeiro dos clientes, mas muitos bancos permanecem fechados para negociações personalizadas”.
O modelo de empresas como a Avanti é fazer a intermediação entre empresas e instituições financeiras. Buscando a melhor solução entre dezenas de parceiros, e assim conseguindo encurtar o caminho entre as menores taxas e os empresários que precisam de crédito.
Januário observa que o acesso ao crédito é um fator que pode acelerar o crescimento empresarial, mas alerta para o risco de desvio da finalidade do crédito, o que pode comprometer o desempenho financeiro a longo prazo.
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