Consumidor busca autonomia além da compra de energia

O setor energético brasileiro passa por transformação. Em 21 de maio de 2025, a MP 1.300/2025 instituiu a abertura gradual do mercado livre para consumidores industriais e comerciais a partir de agosto de 2026, estendendo-se a outros segmentos em dezembro de 2027. Embora a medida tenha prometido maior autonomia às empresas consumidoras, a prática frequentemente revela nova forma de dependência: muitos migraram para o mercado livre acreditando ter maior controle sobre custos energéticos, mas a realidade expõe falta de rastreabilidade de contratos, ausência de informações claras sobre riscos fiscais, dificuldade para validar entregas e incapacidade de antecipar cenários regulatórios.

Nesse cenário, autonomia estratégica no mercado de energia vai além da simples aquisição de energia ou da seleção de fornecedor. Trata-se de transformar dados dispersos em decisões analíticas. A liberdade operacional requer compreender o impacto de cada cláusula, o custo de cada decisão, o risco inerente a cada contrato e a consequência de cada operação no fluxo de caixa, na sustentabilidade e na governança corporativa.

O desafio para as empresas ultrapassa o acesso à energia: envolve permitir que equipes de jurídico, financeiro, fiscal e operações acessem dados precisos e atualizados sem sobrecarregar suas rotinas. É necessária a integração dessas áreas em um fluxo colaborativo, no qual a inteligência coletiva converte-se em capacidade analítica, impulsionando decisões mais céleres e seguras.

Esse contexto ressalta a demanda por soluções independentes, que coloquem o consumidor no centro do processo, com rastreabilidade e autonomia sobre a operação energética. Foi com essa visão que a Elevar Energia adotou o modelo de Corporate Venture Building (CVB) para desenvolver a startup Lesui360 como unidade de negócio. “Organizações que investem em CVB conseguem acelerar a capacidade de adaptação, gerar novas fontes de receita e obter margens acima da média do mercado”, afirma o relatório da McKinsey sobre o tema⁶.

A Lesui360 atua como infraestrutura de rastreabilidade, governança, compliance e inteligência estratégica. A plataforma reúne dados de contratos, entregas, riscos fiscais, emissões e obrigações regulatórias, permitindo que as empresas validem cada cláusula, cada valor e cada decisão vinculada à gestão de energia.

Na segunda quinzena de junho de 2025, a Lesui360 apresenta a integração do módulo de inteligência tributária, que permite às empresas avaliar o impacto de suas operações nos contextos fiscal, jurídico e financeiro. Na mesma data, entra em operação o Fast Green, solução de ESG em tempo real com IA generativa. Ambas as ferramentas ampliam a rastreabilidade de dados, promovem a integração entre áreas e suporte a práticas de gestão ágil baseadas em informações estruturadas.

Para Ieda Harika, head de energia e inovação da Elevar Energia, “a Lesui360 foi desenvolvida para enfrentar as ineficiências do setor, conectar dados e ampliar a autonomia dos tomadores de decisão. O desenvolvimento da solução nasceu da inquietude diante dos desafios diários. No setor de energia, o futuro não se constrói por inércia; é necessário criar soluções no presente. A startup foi estruturada a partir da constatação de desafios operacionais enfrentados pelo consumidor final: a ausência de rastreabilidade de contratos, a falta de validação de cláusulas e a limitação no entendimento de riscos fiscais ocultos. A solução incorpora IA generativa para transformar dados em decisões estratégicas. O objetivo não é apenas monitorar o consumo de energia, mas compreender o impacto de cada número, cada obrigação e cada decisão sobre a operação. A gestão de energia precisa ser tratada como parte da estratégia empresarial, não apenas como custo”.

A startup é um sistema desenvolvido a partir de desafios operacionais identificados no mercado, com foco em integrar áreas e apoiar empresas na tomada de decisão baseada em dados concretos. A proposta é transformar a liberdade do mercado livre em comando estratégico, com rastreabilidade total e integração de informações.

De acordo com o Relatório Anual de Gestão 2024 da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), houve um aumento significativo nos investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) focados em tecnologias digitais aplicadas à gestão energética, como Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial. Essas tecnologias têm sido fundamentais para aprimorar a rastreabilidade e a análise em tempo real, ampliando a capacidade de decisão em compras, contratações, modelagem de portfólio, mitigação de riscos e geração de valor.

 

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