Estudo aponta metas globais sobre HIV e usuários de drogas

Publicação realizada no site da UNAIDS sobre a Estratégia Global para AIDS 2021-2026, elaborada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), estabeleceu metas para erradicar a AIDS como ameaça à saúde pública até 2030. O estudo aponta que, entre os focos principais, está a população de usuários de drogas injetáveis, um grupo vulnerável que enfrenta desafios no acesso à prevenção, tratamento e suporte social. Segundo os dados apresentados, em 2022, entre 480 mil e 880 mil pessoas morreram devido à AIDS, ressaltando a necessidade de políticas públicas eficazes e inclusivas.

O relatório indica que o estigma e a discriminação seguem como barreiras críticas para a efetividade dos programas de prevenção. Conforme informado na publicação do UNAIDS, uma média de 30% dos usuários de drogas injetáveis, nos cinco países que reportaram dados, relataram ter sofrido discriminação nos últimos seis meses. Além disso, em oito dos 14 países que forneceram informações recentes, mais de 10% dos usuários evitaram buscar serviços de saúde devido ao receio de serem estigmatizados.

Entre as metas estabelecidas até 2025, de acordo com a publicação, está a redução para menos de 10% dos países que criminalizam a posse de pequenas quantidades de drogas. Atualmente, a publicação informa que 145 países ainda possuem legislações que punem esses usuários, dificultando a adesão a serviços de saúde. O relatório aponta dados que indicam que, em 2019, cerca de meio milhão de pessoas morreram de causas relacionadas ao uso de drogas, sendo 15% dessas mortes atribuídas ao HIV. Para enfrentar esse cenário, a publicação da UNAIDS recomenda a descriminalização como estratégia essencial para ampliar o acesso a serviços de saúde e redução de danos.

O estudo informa ainda que, no campo da prevenção, a meta global é garantir que 95% das pessoas em risco de infecção pelo HIV tenham acesso a opções eficazes e adequadas. No entanto, conforme demonstrado pelos dados, nos 20 países que reportaram informações, apenas 37% dos usuários de drogas injetáveis receberam pelo menos dois serviços de prevenção ao HIV nos últimos três meses. Programas de distribuição de seringas e agulhas estão ativos em 92 países, mas apenas cinco dos 44 que relataram informações atingiram a meta recomendada de 200 seringas por usuário ao ano.

Sobre o assunto, Geovanni Banegas Alves, diretor e responsável pela Clínica de Recuperação Vida Serena Premier, afirmou que o estudo destaca desafios críticos enfrentados pela população de usuários de drogas injetáveis no contexto da epidemia de HIV/AIDS e do ponto de vista de um especialista da clínica de reabilitação em Cuiabá, Mato Grosso, esses dados reforçam a necessidade de uma abordagem integrada, que vá além da redução de danos e da descriminalização, incluindo também estratégias robustas de reabilitação e reinserção social. “A dependência química é uma condição multifatorial que exige um suporte abrangente, combinando tratamento médico, psicológico e social. A discriminação e o estigma, apontados como barreiras ao acesso aos serviços de saúde, também dificultam a adesão dos pacientes aos programas de recuperação, tornando essencial a criação de ambientes terapêuticos acolhedores e eficazes”.

Em relação ao tratamento, o relatório aponta que a meta é que 95% das pessoas que usam drogas injetáveis conheçam seu status sorológico para HIV. Atualmente, 61% desse grupo realizou testes e recebeu os resultados nos últimos 12 meses. A publicação também informa que o UNAIDS também busca ampliar o acesso à terapia de manutenção com agonistas opioides (OAMT), um tratamento essencial para dependentes de opioides. No entanto, dados recentes apontam que apenas três países alcançaram a meta de atender ao menos 50% dos usuários de drogas injetáveis com OAMT.

Perguntado sobre o relatório, Geovanni afirmou que enquanto a descriminalização pode contribuir para a redução da marginalização e ampliar o acesso aos serviços de saúde, ela deve vir acompanhada de políticas que incentivem a recuperação e o tratamento, oferecendo suporte para que os dependentes possam reconstruir suas vidas. “O investimento em programas que combinem prevenção, redução de danos e reabilitação completa é fundamental para quebrar o ciclo da dependência e minimizar os impactos do HIV/AIDS nessa população vulnerável”.

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