Resistência antimicrobiana mata mais no Brasil que diabetes

Uma análise do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde constatou que mais de 171 mil pessoas morreram no Brasil de causas relacionadas à resistência antimicrobiana em 2019. Globalmente, o número de mortes associadas à resistência antimicrobiana (RAM), segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), deverá chegar a 10 milhões por ano até 2050. Apesar desses números, um em cada 3 adultos não sabe o que é a resistência antimicrobiana (RAM) e 48% desconhecem que a sepse é uma complicação potencial (reação exagerada e grave a uma infecção no organismo), conforme levantamento da Sepsis Alliance.

Muitas pessoas não sabem que a forma como tomam e descartam os antibióticos pode agravar o problema da resistência antimicrobiana em todo o mundo. Nesse contexto, a campanha lançada pelo Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS), em colaboração com a Sepsis Alliance e a UK Sepsis Trust, patrocinado pela bioMérieux e pela Pfizer, que acontece até 31 de janeiro de 2025, visa ajudar a população a compreender como ações cotidianas podem ajudar a enfrentar o desafio crescente da resistência antimicrobiana.

“A resistência antimicrobiana não é um problema futuro, está presente hoje. E, sem antibióticos eficazes, o tratamento da sepse torna-se extremamente difícil”, afirma a Dra. Daniela Carla de Souza, pediatra e presidente do ILAS. A médica destaca que o Brasil tem elevadas taxas de uso de antibióticos. “São medicações importantes, mas nem todo uso é seguro ou necessário. Por isso, por meio da nossa campanha ‘Não tome de forma errada’, estamos trabalhando para conscientizar a população sobre a resistência antimicrobiana”, complementa.

De acordo com Daniela, a expectativa é colaborar para que as pessoas compreendam quais são os cuidados diários indicados para utilizar os antibióticos de forma adequada. “Isso inclui verificar com o médico se a pessoa realmente precisa de antibióticos, terminar o tratamento completo, conforme prescrito, e descartar os antibióticos de maneira responsável”, explica a médica.

A coordenadora geral do ILAS, Flávia Machado também acredita que é preciso educar as pessoas sobre como tomar – e descartar – adequadamente os medicamentos. “A resistência antimicrobiana é um problema sério sobre o qual muitas pessoas não têm conhecimento, como indicam as pesquisas. O número de mortes relacionadas à resistência antimicrobiana é elevado no Brasil”, avalia.

A campanha ‘Não tome de forma errada’ é liderada pelo UK Sepsis Trust, pela Sepsis Alliance e pelo Instituto Latino Americano da Sepse (ILAS), com apoio da Pfizer e da bioMérieux. Mais informações podem ser encontradas em: Don’t Take This The Wrong Way….

“O crescimento da resistência bacteriana é preocupante porque está relacionado a consequências de forte impacto para os sistemas de saúde e a vida dos pacientes e suas famílias, tais como o aumento do tempo de permanência em hospitais, a maior demanda por exames médicos, a dificuldade para enfrentar enfermidades para as quais já havia tratamentos estabelecidos e, consequentemente, o crescimento da mortalidade”, analisa a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro.

Sobre resistência antimicrobiana e sepse

Os antimicrobianos são uma categoria de medicamentos utilizados para prevenir e tratar infecções em humanos, animais e plantas. Eles incluem antibióticos, antivirais, antifúngicos e antiparasitários.

A resistência antimicrobiana ocorre quando bactérias, fungos, parasitas ou vírus evoluem de forma a tornar ineficazes os tratamentos desenvolvidos para combatê-los. Esse mecanismo favorece o surgimento de infecções resistentes aos medicamentos, o que acaba tornando muito mais difícil (se não impossível) tratar e curar as infecções.

O aumento global da resistência antimicrobiana também leva a um aumento de condições potencialmente fatais, como a sepse, que é uma reação exagerada e grave do organismo a uma infecção.

Sobre a campanha ‘Não tome de forma errada’

A campanha ‘Não tome de forma errada’ foi concebida para educar e aumentar a consciencialização sobre a resistência antimicrobiana, reforçando como os indivíduos podem agir na sua vida cotidiana. Os três pontos principais da campanha são:

  1. Falar com o profissional de saúde para saber se precisa ou não de antibióticos, uma vez que os testes de diagnóstico podem ajudar.

    Antibióticos não são indicados para todas as doenças e não funcionam para infecções virais, por exemplo. Os testes de diagnóstico podem ajudar os médicos a determinarem se a infecção é causada por uma bactéria ou não.
  1. Terminar o tratamento completo e tomar exatamente como prescrito, sempre.

    Pode ser tentador parar de tomar os medicamentos assim que o paciente se sente melhor, mas é importante fazer o tratamento completo para garantir que as bactérias que causam a doença foram totalmente tratadas. Quando o paciente interrompe o tratamento ou não toma o antibiótico na dose correta e na hora correta, corre o risco de torná-los ineficazes para todos.

  1. Eliminar os antibióticos não utilizados de forma responsável e nunca os partilhar com outras pessoas.

    É importante descartar os antibióticos não utilizados em uma farmácia e nunca no lixo comum, pia ou vaso sanitário, pois tal ato pode levar a fugas de antibióticos para o ambiente (por exemplo, rios e solos), agravando a RAM.

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