Atual cenário político cria alerta para a democracia

A democracia, tradicionalmente um dos pilares da organização social, volta a ocupar posição de destaque no debate público brasileiro. Com a aproximação das eleições de 2026, o cenário político nacional apresenta-se em constante transformação, marcado pela atuação de diferentes atores e pela diversidade de pautas em discussão. A expectativa é de que o processo eleitoral reflita a pluralidade do eleitorado brasileiro.

Na avaliação do estrategista político, professor, especialista em marketing eleitoral e fundador da agência LabCaos, Yuri Almeida, “é fundamental compreender por que apenas eleições não garantem uma democracia saudável”. O estrategista reforça que a democracia não pode se limitar à escolha periódica de líderes. “No Brasil e em outros países, o povo não governa; apenas vota. Essa visão prática expõe uma vulnerabilidade: líderes autoritários podem conquistar o poder de forma legítima e, depois, enfraquecer as instituições que os elegeram”, afirma Yuri Almeida.

O professor destaca três pontos essenciais para entender a evolução histórica da democracia e os riscos que a ameaçam. “Primeiro, é preciso lembrar dos postulados de Norberto Bobbio, que aponta que a democracia promete mais do que entrega: poder real ao cidadão, transparência e participação ativa. A distância entre discurso e realidade gera frustração — e, nesse vácuo, surgem figuras que prometem ‘salvar o sistema’ atacando as próprias bases democráticas”, explica.

O segundo ponto, de acordo com Almeida, é compreender que a democracia é um processo contínuo, ainda que mesmo sistemas maduros estejam sujeitos ao domínio de grupos econômicos e à manipulação da opinião pública. “A apatia política abre espaço para populistas e ameaça o equilíbrio democrático”, alerta.

Por fim, o terceiro aspecto destacado pelo especialista trata do comportamento dos eleitores. Almeida aponta que, muitas vezes, eles agem apenas como consumidores. “Esse comportamento facilita a ascensão de líderes populistas com discursos simples e soluções fáceis — um alerta de que a democracia precisa de muito mais que eleições”, pontua.

Como fortalecer a democracia

Desde a popularização da televisão e, mais recentemente, com o fenômeno das redes sociais, o processo de decisão do voto ganhou novas ambiências e dinâmicas. Para Yuri Almeida, “as redes sociais e a TV reforçam líderes carismáticos, ignorando o debate de ideias. Quando a imagem vale mais que o conteúdo, a democracia perde força”, adverte.

O estrategista ressalta que fortalecer a democracia exige ações além do momento das urnas. “É preciso estimular a participação ativa, garantir transparência, investir em educação política e fortalecer instituições sólidas. Modelos participativos, como assembleias populares e consultas públicas, surgem como alternativas para tornar a democracia mais viva e menos vulnerável”, conclui Yuri Almeida.

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