A vida imita a arte ou seria o contrário? A “resposta” para este dilema, talvez, nunca seja encontrada. O que dá para afirmar, sem sombra de dúvidas, é que a sétima arte possui um super arsenal de obras que divertem, ensinam e fazem refletir sobre as agruras e delícias de ser um profissional de jornalismo, relações públicas, publicidade & propaganda e do marketing.
Confira a seguir uma lista de sete filmes que vão agregar lições valiosas ao seu dia a dia profissional, como também enriquecer o seu repertório. Se já viu, excelente. Se ainda não teve a oportunidade de conferir, é chegada a hora. Se acomode bem, agarre o balde de pipoca e dê o play.
Eis aqui “o” clássico. Dirigido por Orson Welles, é considerado pela crítica especializada como o maior filme da história até o momento, figurando no primeiro lugar da lista do American Film Institute (AFI). O longa narra a ascensão de Charles Foster Kane, um mito da comunicação norte-americana. De garoto pobre do interior a magnata mundial de um império do jornalismo e da publicidade, a história da personagem é contada a partir da sua morte. Um jornalista recebe a tarefa de investigar qual era, afinal, o significado da última palavra proferida por Kane: “Rosebud”. Inspirado na vida do milionário William Randolph Hearst, é um filme obrigatório para qualquer profissional da área. Uma referência sobre como criar uma narrativa eficaz.
Quando se mudam para um novo bairro, Steve e Kate Jones (David Duchovny e Demi Moore) chamam a atenção dos vizinhos por ser aparentemente um casal perfeito. Mas, eles guardam um segredo: são uma família de fachada, parte de uma sagaz estratégia de marketing, cujo objetivo é vender todo o tipo de produto aos pacatos moradores da região. Com uma narrativa leve, a obra mostra como o consumismo e o poder da influência impactam na vida das pessoas.
Como porta-voz da empresa Big Tobacco, Nick Naylor (Aaron Eckhart) foi chamado de muita coisa: “assassino de massas”, “assassino de crianças”, “sanguessuga”, “explorador”… é um trabalho duro defender os direitos dos produtores de cigarros e dos fumantes nos dias de hoje. Mas, como o próprio Nick afirma, se quisesse um trabalho fácil, teria ido trabalhar para a Cruz Vermelha. Confrontado pelos extremistas da saúde empenhados em banir o cigarro, e por um senador oportunista (William H. Macy) que quer inserir rótulos de veneno nos maços de tabaco, Nick lança-se numa ofensiva ação de relações públicas para defender o cigarro, contratando um agente de Hollywood para promover o produto no cinema. O filme mostra um profissional de relações públicas em situações desafiadoras, e as estratégias para defender o que parece ser “indefensável”.
Cinco anos depois que surta durante uma reportagem ao vivo exibida em rede nacional, o jornalista Simon Hunt (Richard Gere) se junta ao seu antigo cinegrafista e a um jovem repórter para encontrar o paradeiro do maior criminoso de guerra da Bósnia, conhecido como “A Raposa”. Com apenas pedaços de informações, os três se arriscam na tentativa de obter o maior furo jornalístico de suas vidas. Baseado em fatos reais, o filme adapta a história real de cinco jornalistas que conseguiram, em apenas 48 horas, encontrar um dos mais procurados criminosos de guerra do mundo, deixando para trás a ONU, a OTAN e a CIA, com 10 mil tropas caçando o foragido. É uma verdadeira lição de jornalismo investigativo.
Não é simples fazer publicidade na França. Altamente instruídos, os franceses, no geral, têm aversão a tudo que soe mercadológico. De autoria de Frédéric Beigbeder, ex-redator da Young & Rubicam de Paris, o filme é uma dura crítica à publicidade. Na obra, o abuso da propaganda e a sociedade do consumo desenfreado são atacados em seis capítulos pela personagem principal, Octave, um publicitário de grande prestígio dentro e fora da fictícia agência Ross and Witchcraft. A obra conta como uma ideia “genial” pode se tornar “medíocre” após o cliente, uma grande firma de iogurtes atendida pela agência, “sugerir” (impor) a sua própria versão para a campanha. O fato desencadeia no protagonista uma crise depressiva, fazendo Octave dar início a uma rotina de uso de drogas. É um retrato do mundo da propaganda, desnudando os seus profissionais e demonstrando a sua força no mundo moderno.
Chile, 1988. Pressionado pela comunidade internacional, o ditador Augusto Pinochet aceita realizar um plebiscito para definir a sua continuidade ou saída do poder. Acreditando que esta seja uma oportunidade única de pôr fim à ditadura, os líderes do governo resolvem contratar René Saavedra (Gael García Bernal) para coordenar a campanha contra a manutenção de Pinochet. Com poucos recursos e sob a constante observação dos agentes do governo, Saavedra consegue criar uma campanha consistente que ajuda o país a se ver livre da opressão governamental. A obra mostra o papel do publicitário na formação da opinião pública.
“Art & Copy” é um documentário sobre propaganda. Dirigido por Doug Pray, apresenta a visão de publicitários norte-americanos sobre a criatividade e sobre como sobreviver num sistema que exige “o novo” em meio à padronização. Ouvindo grandes nomes da indústria, o diretor traça um cenário da influência e do impacto da publicidade na cultura contemporânea. “Passando pela chamada revolução criativa da década de 1960 e chegando até os dias de hoje, o filme mostra porque pessoas com espírito rebelde e criativo acabaram caindo em um negócio geralmente associado com mediocridade e manipulação”, afirma Carlos Merigo. Segundo o próprio Doug Pray, sua intenção é influenciar artistas e escritores a criarem algo mais significativo, social e divertido. É uma obra que aborda o glamour da profissão, mas sem deixar de lado detalhes pouco ortodoxos.
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