General da reserva, Santos Cruz foi ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República. Fora do ministério de Jair Bolsonaro, ele participará do 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Será entrevistado no lugar do vice-presidente Hamilton Mourão
O general da reserva Santos Cruz — que comandava a Secretaria de Governo da Presidência da República até a última semana — será entrevistado durante o 14º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o evento será realizado de 27 a 29 de junho, no campus Vila Olímpia da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.
A entrevista com Santos Cruz será feita na abertura do congresso, em 27 de junho, com início às 9h. O ex-ministro de Bolsonaro será entrevistado po Julia Duailibi, comentarista de política e economia da GloboNews, e por Daniel Bramatti, presidente da Abraji e editor do Estadão Dados e do Estadão Verifica. Ao final, a plateia poderá fazer perguntas ao general, com a moderação da equipe responsável pelo evento. O vice-presidente Hamilton Mourão, que seria entrevistado na data, cancelou sua participação.
Carreira militar
Carlos Alberto dos Santos Cruz nasceu em 1° de junho de 1952, na cidade de Rio Grande (RS). Ficou órfão durante a infância: perdeu o pai aos 3 meses e a mãe aos 5 anos. Iniciou a carreira militar aos 15 anos na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP). Formou-se em 1970 e ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras, instituição da qual viria a ser comandante entre 1983 e 1984.
Em 1987, foi promovido a major. Após cursar a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, subiu para o posto de tenente-coronel em 1992. De 2001 e 2003, já como coronel, foi adido militar na Embaixada do Brasil em Moscou, na Rússia.
De janeiro de 2007 a abril de 2009, foi comandante de 12 mil militares na missão de paz no Haiti. De volta ao Brasil, comandou a 2ª Divisão de Exército e foi subcomandante do Comando de Operações Terrestres. Em 2012, passou para a reserva. No primeiro mandato de Dilma Rousseff, integrou a assessoria da Secretaria de Assuntos Estratégicos, comandada por Moreira Franco, por um breve período.
Em abril de 2013, Santos Cruz foi escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para substituir o tenente-general indiano Chander Prakash Wadhwa no comando da missão de paz na República Democrática do Congo. Em junho de 2013, voltou à ativa para ocupar o cargo e comandou cerca de 23 mil militares até dezembro de 2015. A rede de TV árabe Al Jazeera produziu um documentário sobre a sua atuação na missão chamado “Congo and the General” (O Congo e o General).
Militar e político
Durante o governo Temer, de abril de 2017 a junho de 2018, acumulou os cargos de chefe da Secretaria Nacional de Segurança Pública e secretário executivo do Ministério da Segurança Pública. Deixou a gestão para participar da campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República. Em novembro de 2018, após a eleição de Bolsonaro, Santos Cruz foi anunciado como ministro-chefe da Secretaria de Governo. Pssou a ser o responsável pela comunicação do Planalto e pelo Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), além de exercer papel importante na articulação com o Legislativo.
Desde abril deste ano, Santos Cruz enfrentava embates com a ala olavista do governo, que segue o ideólogo Olavo de Carvalho. O general demonstrou ressalvas às estratégias usadas por apoiadores de Jair Bolsonaro em redes sociais e foi duramente criticado por Olavo de Carvalho e Carlos Bolsonaro, filho do presidente e vereador pelo PSC do Rio de Janeiro.
Houve também discordâncias entre o general e o presidente da República em relação a uma campanha de publicidade do Banco do Brasil, cujo tema era diversidade. Por determinação do Planalto, o comercial de 30 segundos foi tirado do ar sob a justificativa de “respeito à família”. Santos Cruz se opôs à decisão de Bolsonaro e afirmou que a Secom, sob seu comando, não poderia interferir na publicidade de estatais, por determinação da Lei das Estatais.
Em 14 de junho, o militar da reserva tornou-se o terceiro ministro a deixar o governo em seis meses de gestão. Foi substituído pelo general Luiz Ramos Baptista Pereira, atual chefe do Comando Militar do Sudeste.
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Por Natália Silva.