28/7/2020 –
A despeito da crise que derrubou os mercados globais desde o final do primeiro trimestre deste ano e das incertezas que pairam sobre o futuro da economia, o mercado de crédito brasileiro registra crescimento na demanda, principalmente nas novas originações de crédito, segundo análise da equipe de gestão da Empírica Investimentos (EI). O risco dos tomadores, todavia, mudou desde o início da pandemia da Covid-19, ampliando o spread entre a taxa de juros vs. a relação oferta e demanda do mercado.
O cenário impacta os fundos de Crédito Privado High Yield e High Grade que, desde o começo da crise, sofrem com falta de liquidez, diminuindo drasticamente as emissões primárias e resultando em uma distorção nos preços em relação à curva dos papéis no mercado secundário. “Os originadores ajustaram rapidamente e de forma conservadora sua política de crédito, direcionando seus esforços para a cobrança. Acreditamos em uma tendência de reprecificação desse tipo de ativo, migrando de cotas com rentabilidade alvo em ‘%CDI’ para ‘CDI+pré’, dado o atual nível de taxa Selic”, acredita Guilherme Lagnado, gestor de fundos da Empírica Investimentos.
O desempenho desses fundos, apesar do momento atual em que vivemos, tem se mostrado sustentável no mercado. Na Empírica, a performance dos Fundos de Crédito Estruturado se manteve acima dos seus objetivos de retorno. O Empírica Lótus IPCA, por exemplo, registrou retorno de 0,51% em junho, o equivalente a 234,79% do CDI. Já o Empírica Lótus FIC FIM obteve retorno de 0,31% no mesmo período, atingindo 142,02% do CDI. Desde o lançamento, os fundos remuneraram seus cotistas em IPCA + 7,50 a.a. e 140,83% do CDI, respectivamente.
Lagnado explica que, em julho, os Fundos não devem registrar grandes alterações em seu posicionamento. A partir de agosto, acredita já ser possível retomar a compra de FIDCs de forma significativa. “A meta de rentabilidade dos Fundos mudará para ‘CDI +’ e estamos realizando uma leitura de mercado para melhor definir o spread”, afirma o gestor.
Vale destacar que a EI segue uma política de investimentos conservadora para ambos os fundos e somente em cotas seniores ou mezanino de FIDCs. Dado a subordinação que possuem, e que funcionam como um colchão de proteção, “essas estruturas nos permitem suportar períodos de estresse que podem chegar até 7X a inadimplência histórica das carteiras dos FIDCs, sem afetar a rentabilidade das cotas”, diz Lagnado.
Durante os últimos quatro meses, enquanto grandes fundos de investimentos da indústria amargavam profundas perdas, os resultados positivos dos fundos Lótus da Empírica foram destaque na classificação de rating da Morningstar. Em 2019, os fundos também se destacaram: Lótus FIC FIM e o Lótus IPCA FIC FIM estiveram entre os dez fundos de crédito privado de melhor performance do ranking do Valor Investe (de baixa liquidez com maior rentabilidade no período), rendendo 8,37% e 9,75% (respectivamente).
Coronavírus e Real Estate no Brasil
Os desafios trazidos pela Covid-19 são singulares e gigantes. Todavia, “do ponto de vista do crédito, as operações com garantia imobiliária vão no sentido contrário e são, realmente, um porto seguro”, afirma Roberto Sampaio, diretor da Empírica Real Estate (ERE), área da gestora dedicada à consultoria imobiliária. A menor liquidez no mercado deve aumentar a procura por operações lastreadas em crédito imobiliário. Nesse cenário, o sócio-fundador da ERE avalia que “o home equity é uma opção saudável”.
Segundo Sampaio, a crise levou a uma ação de governo, representada pela diminuição da taxa de juros e a injeção de recursos na economia. De certa forma, ambas levaram os investidores a procurarem operações de mercado de capitais de dívida e de investimentos (equity) em operações de base imobiliária. O que ainda é pouco claro é a questão da liquidez.
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