São Paulo (SP) 23/4/2021 – A redução no tempo de tratamento impacta no acesso à terapia e nos custos ao sistema de saúde, com menor deslocamentos da paciente e redução da morbidade.
O Centro de Pesquisa do São Camilo Oncologia deu início a um estudo destinado a pacientes com diagnóstico de câncer de mama em fase inicial, submetidas à cirurgia conservadora da mama. O levantamento tem como objetivo verificar a eficácia do tempo de exposição da paciente a sessões de radioterapia.
O estudo exploratório, chamado Lapidary – que traz o significado de lapidação da radioterapia -, vai analisar, além da linha de radioterapia com irradiação da mama toda em 15 sessões (hipofracionada) por três semanas, o experimento de irradiação da mama total em apenas 5 sessões (acelerada) e, ainda, a irradiação parcial da mama em 5 sessões (acelerada parcial), ou seja, apenas no leito tumoral. Nos dois últimos, o tratamento seria feito em apenas uma semana.
As técnicas de simulação e tratamento não se modificam, de acordo com o Dr. Eduardo Barbieri, médico radio-oncologista do São Camilo Oncologia e idealizador do estudo. O que muda é o volume de tratamento e o número de sessões.
“Existem dados na literatura que indicam resultados favoráveis, com redução de frações de radioterapia e ajustes de doses, permitindo o controle local do tumor e a redução dos eventos adversos tardios. O menor tempo de tratamento traz benefícios, como, por exemplo, um menor número de visitas da paciente ao hospital (de 3 a 4 semanas para uma semana), sem repercussão no controle local da lesão e/ou impacto no resultado estético pós-radioterapia”, complementa o especialista.
Além dessa redução no período de tratamento, o estudo avalia também a radioterapia acelerada parcial da mama, que consiste no procedimento apenas no leito tumoral em 5 sessões, preservando a maior parte da mama, impactando em menos efeitos colaterais e melhor resultado estético.
“O racional da radioterapia parcial da mama é baseado na evidência de que mais de 85% das recaídas locais acontecem no leito tumoral inicial”, acrescenta o Dr. Barbieri.
Ainda segundo o médico, essa redução no tempo de tratamento impacta no acesso à terapia e nos custos ao sistema de saúde, pois permite tratar mais pacientes no Brasil, onde a demanda por radioterapia é reprimida, reduzindo a necessidade de deslocamento das pacientes e a quantidade de horas de trabalho. “Um desafio no tratamento das pacientes é reduzir a morbidade, sem comprometer sua capacidade de cura do câncer.”
Radioterapia no Brasil
A radioterapia pode ser realizada exclusivamente ou associada a outras modalidades terapêuticas. Inicialmente, a radioterapia pós-operatória de mama era realizada com 25 a 30 sessões, numa frequência de 5 vezes por semana, resultando num período de 5 a 6 semanas. A partir de publicações de seguimento a longo prazo, esse esquema de hipofracionamento em 15 a 20 sessões começou a ser adotado amplamente no Brasil.
“Embora tenha uma maior utilização do regime hipofracionado, não temos dados comparativos sobre o regime ideal de tratamento radioterápico de pacientes com câncer de mama, em estágio inicial, na nossa população. A redução desse tipo de tratamento, com os benefícios associados, é o que pretendemos comprovar”, finaliza.
A expectativa é recrutar 36 pacientes para o estudo, que teve início em fevereiro de 2021. Quem se enquadrar nos critérios clínicos exigidos, pode entrar em contato com o Centro de Pesquisa Clínica.
Mais informações pelo e-mail recrutamento.pesquisa@ibcc.org.br ou pelo tel: (11) 3474-4264.
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