Diadema, SP 16/7/2021 – O uso das microfibras de cabelo em artefatos de cimento demonstrou similaridade com as fibras sintéticas de polipropileno usadas tradicionalmente.
Cabelos descartados em mais de 500 mil salões de beleza brasileiros vão para a natureza, onde se decompõem lentamente, trazendo riscos ambientais devido à carga de produtos químicos. Já na construção civil, os cabelos podem ser reaproveitados em revestimentos e outros produtos.
Depois que passaram pela tesoura ou navalha, os cabelos, em geral, já não têm mais muita utilidade aos mais de 500 mil salões de beleza brasileiros. Embora não existam estimativas sobre a quantidade de resíduos de cabelo gerada anualmente, só pela quantidade de estabelecimentos no Brasil já é possível imaginar que o descarte inadequado representa um grande problema ambiental.
É importante lembrar que este conteúdo não se refere aos cabelos utilizados para abastecer o mercado internacional de perucas e apliques, um mercado global liderado pela China. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), em 2017 somente o Brasil exportou 1,6 toneladas de cabelos naturais, com faturamento de US$ 724,6 mil.
O que acontece é que os resíduos de cabelo humano que não apresentam as características apropriadas para entrarem nesse mercado são simplesmente descartados na natureza, onde se decompõem lentamente, trazendo riscos ambientais devido à carga de produtos químicos. É por isso que, dentre todos os resíduos gerados nos salões, cabelos são o maior desafio. “Eles são tratados como orgânicos, mas é importante lembrar que a grande maioria está carregada de produtos químicos, como as colorações”, afirma Hélio M. Hatisuka Junior, diretor da Dinâmica Ambiental, empresa responsável pelo Programa Beleza Verde.
Por outro lado, as propriedades únicas do cabelo humano permitem seu aproveitamento em diversas formas e uma delas é na construção civil. “Entre as aplicações possíveis, avaliamos o uso de resíduos de cabelos na produção de artefatos de cimento”, afirma Cláudio Oliveira Silva, gerente de inovação da Associação Brasileira de Cimento Portland. “Neste caso, os fios entram na formulação de concretos e argamassa, substituindo as microfibras sintéticas de polipropileno, normalmente utilizadas no concreto, com o objetivo de melhorar algumas de suas propriedades”, complementa Cláudio.
Inicialmente, foram escolhidas placas cimentícias para revestimentos decorativos de parede e piso devido ao alto valor agregado. Essas peças, além de produzidas com grande variedade de formas, texturas e cores, podem ser especialmente desenhadas para retornarem aos salões de beleza exatamente como revestimento de pisos e paredes. É a aplicação da economia circular.
“Esse tipo de desenvolvimento somente é possível com iniciativas como o Programa Beleza Verde, que sensibiliza o setor de salões de beleza para a importância do tratamento correto dos resíduos gerados nesses estabelecimentos”, diz Tomás Ignacio Bertolacci, Diretor da Lythos, empresa tradicional no segmento de Artefatos Cimentícios.
“As primeiras análises da produção das placas cimentícias com uso das microfibras de cabelo demonstraram muita similaridade com o uso tradicional de fibras sintéticas de polipropileno”, afirma Tomás. “O próximo passo será avaliar as contribuições da fibra de cabelo às propriedades das placas e sua durabilidade frente ao ambiente alcalino do concreto”, complementa Cláudio.
Existem muitas outras possibilidades para o reaproveitamento dos resíduos de cabelo, como apresentado no estudo realizado por GUPTA, que demonstra as possibilidades em áreas que vão da agricultura, medicina, industrial à construção civil.
O aprimoramento do uso do resíduo de cabelo como microfibra para artefatos de cimento parece ser um caminho promissor e viabiliza a implementação em larga escala dessas possibilidades. Considerar as questões ambientais, sociais e econômicas é o próximo desafio a ser superado. É aqui que entra a tecnologia para responder ao mercado ávido por soluções inovadoras para problemas recorrentes da sociedade.
A importância da sustentabilidade já é uma realidade em vários setores industriais e com o apoio dos consumidores começa a ser implantada na área de serviços. “Esses avanços devem ser atribuídos à maior conscientização dos consumidores que, com sua liberdade de escolha, ajudam a disciplinar as ações de mercado”, afirma Hélio.
Criado inicialmente para dar encaminhamento correto aos resíduos descartados por salões de beleza, o Programa Beleza Verde já atingiu a marca de mais de 10 toneladas de materiais coletados. Além de coletar os resíduos de cabelo, o Programa trabalha a conscientização sustentável e incentiva os estabelecimentos a fazerem a gestão dos resíduos e o descarte correto de embalagens, evitando também o desperdício.
O Programa Beleza Verde é uma iniciativa da Dinâmica Ambiental, empresa do Grupo Fragmaq, especializada em soluções para coleta, descaracterização e destinação correta de resíduos, é a única que coleta os resíduos diretamente dos estabelecimentos que fazem parte do Programa Beleza Verde. Além disso, possui as certificações ISO 9001 (de Qualidade), ISO 14001 (de Meio Ambiente), OHSAS 18001 (de Segurança), ISO 37001 (Antissuborno) e B Corp., que respaldam a excelência total em todas as suas formas de atuação.
Website: http://www.belezaverde.com