Desde o dito popular “a mídia impressa morreu”, muitas analogias também foram feitas sobre outros meios de comunicação tradicionais. Por exemplo, falou-se que a televisão seria substituída pelo streaming ou que o rádio está dando lugar ao podcast, que nos últimos anos tem ganhado mais importância como canal de comunicação.
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Recentemente, e no âmbito do Dia Internacional do Rádio (13 de fevereiro), a discussão sobre a “morte do rádio”, ou sua substituição por novas tecnologias sonoras, está mais forte do que nunca. Sem dúvida, a internet muda tudo o que toca. E o rádio não é uma exceção: a transmissão de conteúdo sonoro está se tornando cada vez mais popular e entrou em cena por meio do que conhecemos como podcast.
A expansão desse meio possibilitou a muitas pessoas redescobrir o mundo do conteúdo sonoro. Especialmente porque o podcast pode ser ouvido em qualquer lugar e toca em assuntos que não estão no rádio tradicional.
[O rádio] ainda é o meio de comunicação mais utilizado no mundo
Porém, o contexto nacional e global não deixou o rádio à sua própria sorte. Na era das mídias sociais, ele não está obsoleto. Ainda é o meio de comunicação mais utilizado no mundo. Além disso, mostrou que pode se adaptar facilmente a situações de crise. Por exemplo, no início da pandemia da Covid-19, o rádio voltou a aparecer como um meio essencial para organizar ações de solidariedade em todo o mundo para reduzir as consequências da emergência sanitária. Portanto, a resposta é… Não! O rádio não está morto e o podcast não tomará seu lugar.
Por que o rádio sobrevive (mesmo diante do podcast)?
Desde que foi criado, o rádio é o maior meio de comunicação de massa, pois pode alcançar os cantos mais distantes do mundo, sendo acessível a pessoas de todas as etnias e estratos sociais. Apesar do advento de novas tecnologias, ele continua sendo a plataforma mais poderosa, dinâmica, participativa e versátil para que todos façam suas vozes serem ouvidas a partir de uma perspectiva ampla e diversificada.
Então, em vez de falar de substituição, por que não falar de dois meios de comunicação que podem se complementar e crescer por meio de suas diferenças? Aqui estão algumas diferenças básicas entre o rádio tradicional e o que alguns ainda chamam de “novo rádio”, ou seja, o podcast:
- O sinal de rádio é local, com restrições legais, geográficas e tecnológicas devido a seu meio de transmissão. O podcast é internacional, sem essas limitações.
- O rádio se dirige a uma audiência ampla. Os podcasts são destinados a uma audiência de nicho.
- O rádio oferece, principalmente, entretenimento e informações atuais. O podcast oferece conteúdo temático mais especializado, que agrega valor único e específico.
- Na rádio, o diretor de programação decide o formato e o tipo de conteúdo que um produtor deve seguir. No podcast, o produtor ou mantenedor decide como personalizar o conteúdo de acordo com a reação do público.
- No rádio, a emissora é a principal atração para o ouvinte. No podcast, os títulos de cada episódio são um gancho chave que atrai o ouvinte.
- No rádio, alguns acreditam que a formação de comunidades não traz retorno de audiência. No podcast, o foco está justamente em criar comunidades.
- O rádio é escutado em segmentos, enquanto que os podcasts são ouvidos em sua totalidade, em uma única transmissão.
Rádio X podcast?
Em resumo, o rádio está mais vivo do que nunca e não apenas como uma das mídias de maior alcance global, mas também em termos de estratégias de comunicação, como um canal que dá maior reputação aos porta-vozes, já que ainda é mais relevante se apresentar em um programa de rádio estabelecido do que em um podcast. Entretanto, os gêneros não estão em conflito, nem um derrotou o outro. Nesse ecossistema, a coexistência é possível e o rádio e o podcasting são prova disso.
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Por equipe Another, agência de comunicação independente fundada em 2004 pela dupla Jaspar Eyears e Rodrigo Peñafiel.