Nos últimos 20 anos, as relações de empresas, colaboradores e toda cadeia produtiva tem mudado radicalmente, claro, para melhor. Isso se deve muito a desburocratização do pensamento empresarial, que antes estimulava uma cultura individualista e competitiva entre seus colaboradores à fim de atingirem maiores índices de “produtividade”.
Da mesma forma, interações pessoais nas áreas de café e sociais das empresas (nas corporações que tinham áreas sociais, claro…) também eram reprimidas, pois cada minuto de conversa era visto como um minuto perdido de produtividade e, afinal de contas, as pessoas eram “concorrentes”. Esta mesma cultura também predominava nas relações com fornecedores, e até mesmo com clientes, colocando a empresa em uma posição onde tinha sempre que ganhar ao extremo e para isso teria que espremer ao máximo a margem de seus parceiros comerciais.
Hoje em dia esta cultura vem mudando bastante, impulsionada principalmente pela necessidade constante das empresas para inovar e desenvolver novos negócios. Um grande número de companhias e empreendedores já identificou que o progresso de seus negócios está diretamente ligado à qualidade de conexões que ela possui e a satisfação e troca constante entre seus colaboradores e stakeholders.
As conexões são importantes e a colaboração entre as pessoas e empresas, hoje, é fundamental. A cultura da colaboração é um dos pilares dos ambientes de coworking e ultrapassou suas fronteiras, se tornando uma realidade que não pode ser deixada de lado.
Porém, é preciso cuidar para que as conexões não sejam vistas apenas como “networking” e nem como apenas ligações em redes sociais, como Facebook e LinkedIn. É preciso pensar nacomunidade que essa rede de contatos pode criar, pois a maior força das conexões ocorre quando seus membros formam uma comunidade ativa e engajada. Essa comunidade nada mais é que uma extensa rede de relações que serão fundamentais para o desenvolvimento não só dos negócios, mas principalmente das pessoas. Como já disse em outros textos, é isso que me encanta!
O networking não pode ser apenas aquele contato pontual que com o passar do tempo se torna chato, podemos transformá-lo em algo muito maior, no qual um número infinito de pessoas possa fazer parte e assim ter uma extensa rede que irá favorecer o bem-estar de todos que nela estão. Claro que para isso, você precisa encontrar pessoas que realmente poderão ser interessantes para sua comunidade. Neste caso, o bate-papo ainda é o melhor recurso para selecionar um grupo de pessoas. Enfatizo isso, pois com toda tecnologia que temos acesso na palma de nossas mãos, às vezes deixamos de lado as relações olho no olho.
Claro que é preciso a troca e engajamento entre seus membros para que uma comunidade agregue valor. Não adianta você buscar informações, novas experiências e não dar nada em troca para seu contato. Essas pessoas não são concorrentes e sim membros de uma comunidade colaborativa, por isso, a velha máxima do dividir para multiplicar sempre deve ser aplicada, isso fará com que inúmeras oportunidades de negócio apareçam.
Além dos espaços de coworking, outras formas de ampliar conexões e encontrar potenciais comunidades é participar de grupos de estudo, cursos, eventos e outras oportunidades de conhecer novas pessoas. Geralmente, nesses lugares há indivíduos com o mesmo objetivo que você e podem potencializar a formação de uma rede colaborativa para seu negócio. Isso é constantemente feito também dentro dos coworkings, com eventos que incentivam a troca de ideias entre empreendedores. Vejo muitos casos de pessoas que se unem para fazer determinado trabalho e isso acaba se transformando, por exemplo, em uma nova startup.
Mesmo sendo um pouco clichê, finalizo esse texto pedindo para que não sejamos reféns da tecnologia, vamos explorar mais a relação entre as pessoas e todas as oportunidades profissionais e pessoais que isso pode nos proporcionar. A comunidade não é apenas importante para o trabalho, ela é essencial para vida!
Jorge Pacheco. CEO e fundador da Plug, pioneira na cultura de coworkings no Brasil e que atualmente possui mais de 600 posições divididas em cinco unidades, sendo quatro em São Paulo, na região de Pinheiros, Brooklin e em breve no Ibirapuera, e uma em Cambridge nos Estados Unidos – além de administrar grandes espaços como o CUBO, em São Paulo.