A fake news da Fifa – por Sergio du Bocage

Entidade máxima do futebol mundial, a Fifa também tem lá a sua fake news. É o que analisa o jornalista esportivo Sergio du Bocage

O Código Disciplinar da Fifa, que por 15 anos se manteve praticamente igual, ganhou uma nova versão em julho do ano passado, quando a entidade decidiu investir pesado na luta contra o racismo no futebol. Entre as medidas anunciadas estava a que permite ao árbitro não só interromper uma partida, como também determinar a derrota da equipe responsável por manifestações racistas.

Leia mais:

E o que aconteceu desde então? Uma punição ou outra a clubes e seleções, nada muito incisivo. Ao contrário, o brasileiro Taison, que reagiu aos insultos na Ucrânia, foi expulso pelo árbitro; o zagueiro Kalidou Koulibaly, francês naturalizado senegalês, também foi expulso num jogo do Campeonato Italiano; e o malinês Marega, do Porto, recebeu cartão amarelo por reagir aos gritos que vinham da torcida do Vitória de Guimarães.

Três exemplos para mostrar que estamos apenas no discurso de que “isso tem de mudar”. Têm-se de cobrar melhor postura do árbitro em campo, resguardado que é pelas normas da Fifa. Ou será que ele não está protegido para agir assim? Punição às torcidas, pois mesmo sendo manifestações de minorias, precisam pagar o preço de ficar fora dos estádios, para que elas próprias indiquem os infratores. E até mesmo o clube, de forma pecuniária, para que invista em campanhas educativas junto a seus torcedores.

“De que adianta tanto poder, se na hora de utilizar aquele que realmente importa ela não se manifesta como deve?”

Não sou favorável à punição esportiva, vinda de um tribunal. Que culpa têm os jogadores, na maioria das vezes solidários aos companheiros de profissão ofendidos, para serem prejudicados com a perda de pontos que conquistaram em campo? Mas isso é outra discussão.

A Fifa impõe regras e muda leis em países que organizam Copas do Mundo. Muda o calendário de todos os campeonatos mundo afora, para satisfazer sua vontade própria de organizar uma Copa no Qatar. É tão grande que tem mais filiados que a ONU. De que adianta tanto poder, se na hora de utilizar aquele que realmente importa ela não se manifesta como deve?

***** ***** ***** ***** *****

Por Sergio du Bocage. Apresentador do programa ‘No Mundo da Bola’, da TV Brasil. A coluna do apresentador é publicada pela Agência Brasil semanalmente às terças-feiras.

Edição: Verônica Dalcanal.

Compartilhe
0
0
Agência Brasil

Agência pública de notícias criada em 1989, logo após a incorporação da Empresa Brasileira de Notícias (EBN) pela extinta Empresa Brasileira de Comunicação (Radiobras). Em 2007, com a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que incorporou a Radiobras, passou a integrar o sistema público de comunicação.

Recent Posts

Lumi Global adquire a Assembly Voting para fortalecer a liderança de produtos e acelerar a expansão internacional

LIPHOOK, Reino Unido, Dec. 22, 2024 (GLOBE NEWSWIRE) -- A Lumi Global, líder global em…

1 dia ago

Brasil é 50º em inovação no mundo e líder na América Latina

O Brasil lidera em inovação na América Latina. Apesar de desafios, investimentos públicos e políticas…

3 dias ago

Caminhos para Romper os Ciclos de Abuso Psicológico Feminino

Psicóloga ressalta a urgência de políticas públicas para apoiar as vítimas de abuso emocional

3 dias ago

Thermas Resort Walter World abre campanha Réveillon 2025

O hotel, localizado no Sul de Minas Gerais, contará com atrações dedicadas a adultos e…

3 dias ago

Atrações natalinas impulsionam o turismo em Curitiba

Uma das maiores programações gratuitas de Natal já está acontecendo na cidade e a expectativa…

3 dias ago

Comemorações com fogos de artifício são traumáticas para os pets

O animal desorientado entra em desarmonia com o ambiente

3 dias ago