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A importância da barba no século XXI: estratégia estética e autenticidade

Goiânia 23/4/2020 –

Bem, a barba de um homem nunca foi “somente” uma barba, os pelos no rosto sempre serviram para algo além de mostrar que o menino cresceu (embora isso também tenha uma relevância, como será mostrado adiante). Desde os tempos mais remotos em que se instaura a sociedade de classes, a barba serve como um indicativo de classe social, sendo que, no decorrer dos anos, o tamanho ou forma de cuidado que definiam a distinção entre classe alta ou baixa, burguês ou proletariado, foi se alterando. Em alguns momentos, a barba curta indicava cuidado e abonança, em outros, a barba longa e bem cuidada era sinônimo de riqueza, e, claro, em algumas épocas a ausência de barba também já teve a sua importância.

Enquanto no final do século XX a barba e o bigode passaram por diversas variações de estilo para representação de beleza masculina, no início do século XXI, a barba e o bigode foram banidos do padrão social de beleza, o cuidado de si do homem era andar sempre com o rosto liso, sem pelos ou barba por fazer. A barba só voltou a aparecer com mais frequência no rosto dos famosos e nas passarelas entre 2010 e 2012.

Nos dias atuais, o fenômeno mais interessante que se pode acompanhar em torno do visual da barba é que, diferentemente de outras épocas, atualmente, a barba não tem uma única tendência padrão, um único tipo de barba que todos os homens usam, a barba está em alta, mas pela primeira vez na história da antropologia dos pelos faciais masculinos, a subjetividade e singularidade são respeitadas; um homem pode escolher o tipo de barba que mais representa sua personalidade ou de forma a representar de modo não verbal um perfil que ele almeja transmitir, seja na vida social ou profissional.

Existem variados modelos de barba no qual os homens podem se inspirar e decidir o que lhes é mais profícuo. Há certos tipos de barba que passam um ar mais despojado, já outros passam uma impressão mais formal, responsável ou até mais velho, transmitindo um ar de maturidade; a barba não dita caráter ou personalidade, mas o conjunto de estética escolhida pelo seu “usuário” pode definir a imagem que o homem passa aos outros sujeitos de seu convívio. Nesse contexto, a barba, no século XXI, está muito mais ligada à identidade do homem, quase como um cartão de visita, do que simplesmente à questão de estética e aparência. Hoje, ela não cumpre mais apenas o requisito de uma tendência social unívoca, mas ela expressa autenticidade.

Em 2020, existem cerca de 11 modelos de barbas mais comumente utilizados, são eles: Barba lenhador; Estilo Van Dyke; Bigode fininho; Bigode com barba; Linha do maxilar Jawline; Barba degrEadê; Barba por fazer; Barba Ducktail; Barba âncora e Cavanhaque (Cortes de cabelo, 2019). Cada estilo tem a sua própria expressividade, mas esta, por sua vez, ainda pode variar de acordo a vestimenta, roupas, sapatos, acessórias e, até mesmo, modelo dos óculos de grau.

Contudo, ainda há certa problemática ao que se refere aos cuidados com a barba. Embora seja interessante o número crescente de salões masculinos especializados, que vendem produtos exclusivos para a barba, como o Minoxidil Kirkland, fora desse comércio não existem muitas opções  em casas de cosméticos e/ou lojas de departamento, de todos os produtos ideais para o cuidado com a barba. Por essa razão, os produtos acabam por ficar muito caros, é a lei da oferta e da procura, se as únicas concorrências são outros “Barba bar”, pode-se estabelecer uma média de valor dos produtos acima da média de ganho de lucro. De acordo com Lopes et al (2018).

Não é necessário criar um espaço especifico para os novos produtos para atender esse público, até porque nem todo tipo de varejo possui uma estrutura que possa sustentar tal mudança. Por outro lado, investir em pesquisas para conhecer o tipo de público que o varejo terá, investir em treinamento para oferecer os serviços que irão satisfazer o consumidor e buscar os produtos que o consumidor realmente procura, pois até então produtos masculinos giravam em torno apenas de higiene pessoal, não cuidados com a beleza, então mudar essa visão é essencial para atender o consumidor (LOPES, et al,  2018, p. 5).

Ou seja, falta ao mercado a compreensão de que houveram avanços ideológicos em torno da aparência masculina e que o que por muito tempo foi considerado frescura, finalmente, é visto como cuidados essenciais com a aparência, uma vez que, está ligado às relações sociais, sejam elas profissionais, românticas ou do âmbito das amizades. Na verdade, a barba continua tendo o mesmo poder de imagem social que sempre teve, a diferença é que agora isso infringe outros cuidados e não se é mais necessário seguir um padrão para expressar uma questão de classe, mas uma questão de si.

Assim, vale reafirmar que a barba no século XXI é constitutiva da identidade dialógica do homem moderno. Em vista disso, a importância da barba no século XXI, é estabelecida pelas possibilidades de manifestação da pluralidade dos homens, que foi reprimida por muito tempo em decorrência de guerras, ditaduras e, mais recentemente, por preconceitos ignorantes, ou seja, ela representa também a quebra de paradigmas em torno da masculinidade e do corpo masculino.

 

Referências

 

LOPES, Erica A., et al. O varejo de cosméticos no mundo masculino – os produtos direcionados a barba. In: Portal Unisep. 2018. Disponível em: http://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2018/06/009_produtos_direcionados_barba.pdf

 

CABELO, Cortes de. Modelos de Barba 2020: tendências, produtos. Site: Cortes de cabelo. Dez. 2019. Disponível em: https://cortesdecabelo2020.com/modelos-de-barba-2020/.

Website: http://tratamentominoxidil.com.br/

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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