Rio de Janeiro 19/10/2020 – Precisamos entender e enxergar a comunicação como elemento essencial para a promoção da saúde, que funciona de forma estratégica na disseminação de informações
A comunicação em saúde é a utilização de estratégias para informar e influenciar decisões dos indivíduos, comunidades ou instituições, no sentido de promover a saúde através da adoção de comportamentos informados. O processo de informação e comunicação tem valor crítico e estratégico nos serviços de saúde, pois além de informar de forma clara e concisa a população, é o principal meio utilizado para divulgar a importância da adoção de comportamentos de prevenção e tratamento de doenças, tais como, a Covid-19.
A SARS-CoV- 2 chegou ao mundo de forma devastadora e lançou luz sobre diversos assuntos, dentre eles, a importância da informação de qualidade. Juntamente com a declaração de pandemia, realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), surgiram diversas Fake News sobre a doença, a primeira delas, talvez tenha sido sobre o seu surgimento. “É aí que entra o trabalho do bom jornalista de apurar, verificar e confirmar ou não a informação compartilhada. Mas esse trabalho de nada irá servir se a população também não fizer a parte dela: apontar a fonte de credibilidade de onde a informação foi tirada ou buscar uma que confirme ou não a notícia. E caso não seja possível encontrar essa fonte, não transmita o texto”, salientou Juliana Xavier, jornalista da Fiocruz.
Com o constante desenvolvimento tecnológico, a comunicação ganha ainda mais importância na sociedade. No entanto, no âmbito da saúde pública brasileira, ainda é preciso superar a visão simplista da comunicação como um processo de transmissão de informações de um emissor a um receptor, um modelo que não dá a devida importância ao restante do processo, como a circulação das mensagens e suas apropriações pelos diferentes atores envolvidos. “Precisamos entender e enxergar a comunicação como elemento essencial para a promoção da saúde, que funciona de forma estratégica na disseminação de informações que, sem ela, ou não seriam entendidas de forma clara ou não chegariam para a população em geral”, enfatizou a profissional.
Segundo Juliana Xavier, em tempos de Fake News é compreensível que a população se sinta perdida na escolha dos veículos de comunicação em que deve confiar. “Essa escolha deve levar em conta a credibilidade do veículo e dos profissionais que nele trabalham. O mais importante é que não deixem o vírus da ‘notícia falsa’ invadir seu lar e percam a total crença no trabalho realizado pelas mídias sérias. Quando a população toma conta de si mesma e de suas condições de saúde, valorizando e acreditando no que é dito pelos profissionais de saúde a partir de um jornalista sério, o diálogo se torna mais simplificado. Além disso, os benefícios agregados pelo acesso ao conhecimento jamais serão em vão”, aconselhou.
Nos dias de hoje, a democratização da informação surge como uma das principais metas para a melhoria da qualidade e a universalidade da saúde brasileira, nesse sentido, a comunicação social desempenha uma função preponderante na promoção da saúde, tendo como desafio para as organizações deste setor, o estreitamento de relações com os meios de comunicação. “Nós, jornalistas, temos uma natural aptidão para passar mensagens de forma simples, sem ser simplista, transformar o famoso `tecnês` em algo que seja de compreensão geral. Mais que uma aptidão, essa é a nossa missão enquanto profissionais de comunicação, precisamos que nossa informação chegue de forma clara, concisa e verdadeira para todos os leitores, desde o que tem alto grau de conhecimento até o mais humilde”, ressaltou Juliana Xavier.
Visando dar mais atenção a esse assunto e punir os disseminadores de Fake News, um Projeto de Lei 2630/2020, ou PL das Fake News, foi aprovado pelo Senado em junho e teve seu texto alternativo preliminar apresentado no dia 21/9 ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A proposta visa, dentre outras coisas, estabelecer normas, diretrizes e mecanismos de transparência não só a redes sociais e de apps de mensagens privadas como o WhatsApp, mas também a sites como o Google. Além de punir com prisão quem disparar fake news com implicações criminais ou com conteúdo falso que seja capaz de “colocar em risco a vida, a integridade física e mental, a segurança das pessoas, e a higidez do processo eleitoral”. O texto deve ser apreciado ainda no mês de outubro na Câmara dos Deputados e votado ainda este ano, segundo o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
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