Há algumas semanas, minha doce amiga Carol Camargo me marcou nesta foto. Caraca, em um clique, embarquei em um túnel do tempo e voltei aos meus 21 para 22 anos, último ano de Cásper Líbero, e editora de comportamento da Nova Cosmopolitan.
“Nova pergunta, Eles respondem” foi uma das tantas colunas que tive lá num curto período de oito meses. E nesta edição, em especial, a Carôzinha – que já dividimos apartamento na época da faculdade – me ajudou nesta coluna que também, por destino, sorte, coincidência ou todas as três alternativas, foi quando ela conheceu o seu hoje marido e pai de sua maravilhosa filha Olívia. Junto de Álex, na coluna, também coloquei meu primo, porque ambos trabalhando em comunicações, um acaba sempre arrastando o outro para as pautas ou demandas de produção.
Este post da Carô foi devido ao fato de ser anunciado, em agosto, o fechamento da agora Cosmopolitan e de tantas outras publicações do uma vez império Abril. Um verdadeiro choque para quem viveu o período áurico do jornalismo.
Na verdade, nós pegamos o segundo ou terceiro boom da profissão com a explosão da Internet. Salários altíssimos, budgets saindo pelos cotovelos e sorriso de orelha a orelha por viver aquela crista da onda.
A minha vida de jornalista começou cedo e terminou cedo também. Comecei estagiando na própria Cásper Líbero, era a estagiária do laboratório de ampliação fotográfico. Jornalista que é jornalista sempre tem uma queda por fotografia, afinal, a imagem consegue sim representar mil palavras. Que jornalista não se encanta com esta magia? Depois, por ter a minha prima/melhor amiga/my person sendo Diretora de Arte da Contigo!, virei produtora da revista. O problema é que, na minha família, não há nada de nepotismo esclarecido, ser indicado entre os meus significa que você trabalhará cinco ou mais vezes que os outros para poder provar a sua contratação. Foi quando conheci Jeff Benício e Marjô Umeda.
E o esforço sobre-humano e a minha cara de pau me fizeram entrar como estagiária da Quem Acontece – trabalhei com gigantes como Jorge Félix, Cláudia Boechat, Alice Granato, Bianca Fincati, Alessandra Zapparoli, Helô Campos, Domingos Fraga, Valença Sotero e tantos outros. Muitos dos estagiários – Augusto Olivani, Giscard Luccas, Paloma Cotes, Luciane Angelo, João Amorim e euzinha – fizeram história nesta seara. E, mais uma vez, a minha falta de óleo de peroba na cara resultou na troca da Editora Globo pela Editora Três. A bola da vez era a nova publicação da editora, a IstoÉ São Paulo. Quando trabalhei com a mega hyper Marina Caruso, Lelê Almeida, Celsinho Fonseca. E então chegou a Nova, que por um dia ruim da mega redatora Suzana, ela acabou contratando gato por lebre. Eu, no caso, o gato.
Sempre achei que ninguém levava a sério a revista NOVA. Tipo, aquelas pautas não poderiam ser verdadeiras. Porque uma mulher vai se mudar tanto por causa dos homens? Porque ela tem que ser esta super-heroína para ser amada? Well, eu fui para lá achando que encontraria um monte de gente tiradora de sarro com aquelas pautas. E acabei encontrando verdadeiras mulheres de NOVA, e não do jeito julgador negativo que eu pensei que fosse. O que foi o meu primeiro tombo. As mulheres de lá eram lindas, independentes, magras, maravilhosas, que fazem um milhão de coisas ao mesmo tempo e ainda são legais.
Para a autoestima de qualquer uma que não está feliz consigo mesmo, olha, vou te falar que não é fácil de administrar aquele time não. Acabei conhecendo muita gente boa, o Ronaldo que me ensinou todo o português que eu sei, a Dani, a Karina, o Keith, o Augusto, o Ricardo, a Giuliana, o pessoal super de bem com a vida da NOVA BELEZA.
Não era a NOVA ou qualquer lugar que vivi o jornalismo, não. Mas algo me incomodava muito. Os egos não equilibrados, o excesso de vaidade, a já construção de uma falsa verdade, a tal da imparcialidade que nunca existiu, uma estrutura que me cheirava a decadência. Então, a Nova foi o período mais treva da minha vida.
Havia recém passado por um trauma pessoal muito relevante e pesado e não conseguia praticamente me achar na frente do espelho. E a minha passagem da NOVA foi um filme de comédia desastre no qual a protagonista só se dá mal. Não só ela, mas todos a sua volta. Não conseguia escrever um texto direito, não conseguia fazer nada direito. Estava perdida, havia engordado 40kg e nada fazia sentido para mim. Nada.
Sabe quando você está num relacionamento falido e aquela fase final em que tudo é ruim? Era como eu me sentia nos momentos finais do meu casamento com o jornalismo. Assim como um relacionamento humano entre duas pessoas, a sua interação com o profissional funciona tal e qual. Quando você está apaixonada, tudo flui positivamente e quando está no fim, você conhece o fundo do poço.
E não teria como ser diferente, depois de ser a anti-heroína da NOVA, não haveria outra forma senão a de ser devidamente demitida. A NOVA foi a minha primeira e última demissão da minha vida. Aos 22 anos, seis meses depois de pegar meu diploma de jornalista.
E não era somente isto não. Juntando-se ao meu já fracasso profissional, cursei uma faculdade maravilhosa, mas extremamente focada no passado. Lembro-me de fazer parte de grupos com pessoas incríveis como Tiana Chinelli, Cynthia Almeida, Maju Coutinho, Ivy Farias, Sharon Eve, Joana de Assis, Guga Chacra, Andrea Miramontes, Melissa Nicolosi, Fabio Sabba, Karina Saito, Julian Beringhs e outros tantos nomes que a Cásper Libero me trouxe, além dos estagiários da Quem já citados e todos também Casperianos.
Com estas pessoas, havíamos, na época, desenvolvido o, então considerado, primeiro site de turismo brasileiro em que havia jornalismo. A Ivy, minha parceira e amiga até hoje, conseguiu uma façanha: entrevistar o então candidato à Presidência, Luís Inácio Lula da Silva, sobre o futuro do turismo no País. Politicagem à parte, uma jornalista ainda não formada ganhar uma exclusiva, que seria publicada apenas em seu TCC é como se fosse o Beethoven tocando sua primeira sinfonia aos 7 anos. Obra de arte, no mínimo.
O site se chamava Viajar Barato. Tínhamos lançado o site, feito Assessoria de Imprensa, Press Kit e o pacote completo. E pela nossa proatividade e empreendedorismo, levamos um tacanho oito porque, apesar de ser o primeiro a falar de turismo com apuração, fugia do jornalismo raiz.
Foi na aula do Sérgio Rizzo, grande professor e amigo até hoje, que criamos a primeira revista focada no público LGBT+. Chamava-se Last Dance e era um guia de todas as melhores baladas, restaurantes, passeios para este público específico.
E a melhor de todas as empreitadas de faculdade foi o Jornal da Lili Pink, um noticiário apresentado por uma Drag Queen (interpretada por moi) e sua equipe diferentona. Apresentávamos as notícias e dávamos opiniões. De um modo irreverente, descontraído, mas muito informativo.
Estes e tantos outros projetos criados foram, de um modo ou de outro, deixados no canto na prateleira. Se não fosse um trabalho concebido dentro dos moldes tradicionais, não era reconhecido. E este grupo tinha sede por inovação. Se os dinossauros da profissão tivessem apoiado este espírito do diferente, talvez o império ainda estivesse lá, uma vez que estes formatos são o que, hoje, fazem sucesso.
O fato é que aos 22 anos eu já era uma fracassada. Peguei todos os meus dois reais, juntei minhas coisas, disse adeus a tudo que amava aqui em São Paulo e Caraguatatuba, minha cidade natal, e viajei para a Itália, para rever a minha mãe que morava lá há alguns anos.
Em uma semana no País da Bota, comecei a trabalhar como garçonete num restaurante muito simpático da Cinzia e Mario – meus amigos até hoje. Eu comecei como a última assistente, não falava uma palavra do idioma (brasileiro acha que sabe falar italiano até ir para Itália e descobrir que só sabe fazer mãozinha), e em três meses era a chefe da operação de 15 pessoas. Lavei muito banheiro, servi muita gente legal e chata também. O melhor é que aprendi muito. O bom de trabalhar em um ofício assim é que você não leva preocupação para casa. A partir do momento em que o último cliente foi embora, você limpou e terminou seus afazeres, pronto, seu trabalho acabou.
Foi um tipo de detox profissional. Só que como eu sempre tive que pagar boleto, o meu detox ao invés de ser um sabático para fazer um mochilão diferentão, meditar na Índia ou qualquer coisa que o valha, a minha desintoxicação profissional foi trabalhando. E muito.
Em seis meses, estava completamente desintoxicada. Mas ainda tinha ranço do jornalismo, havia um gosto amargo na boca de arrependimento da escolha que fiz aos meus tenros 17 anos.
Ao mesmo tempo, eu não conseguia mais ser garçonete, a minha mente queria voltar a trabalhar. E então começou a minha peregrinação em busca do que eu gostaria de fazer. O primeiro passo foi dentro do mercado de Moda em Milão. Trabalhei em algumas marcas como Marni e Fendi Casa. Peguei gosto pela coisa, mas ao voltar para o Brasil, por uma paixão – daquelas bem erradas que acabam com a nossa vida e não duram nem três meses – vi que, em 2005, ainda estávamos engatinhando tanto na moda quanto no luxo. Conheci a comunicação corporativa e pensei que era um segmento com muito pano para manga e a tendência era só crescer.
A minha sede por descobrir novas áreas, no entanto, era enorme. Não conseguia passar mais de dois a três anos numa área, a minha cadeira começava a parecer um formigueiro em guerra. Era preciso levantar e explorar novos territórios. Fui sortuda porque no meu colo havia caído esta tal de sustentabilidade. Outro campo incrível que ainda tem muita lenha para preservar.
Organizei alguns tantos eventos e caí no marketing. Estava sempre querendo entender a marca, construir a sua voz, a forma como se relacionava com os públicos, o jeito que se apresentava. Tudo isto me fascinava muito.
Prestes a completar 30 anos, conheci um mestre que transformou a minha estrada em tijolos amarelos. Foi o querido JB, o João Batista, quem me deu a consciência de que eu já fazia branding, mas não sabia que estava fazendo branding. O JB foi a minha última faculdade – foi ele o responsável por me reconhecer gestora de marca.
Na verdade, ele me disse que fez como Platão e utilizou-se do processo da Maiêutica para tirar o conhecimento dentro de mim e levá-lo à minha tona. E, pasmem, foi nesta epifania em que descobri, ao contrário do que pensava sobre o pouco ensinamento que recebi da faculdade de jornalismo, foi ela e a minha experiência na área, na verdade, dois dos meus principais pilares que construíram a profissional que sou hoje. Com seus altos e baixos, com sua lição em como fazer e, principalmente, não fazer.
A primeira grande lição foi a visão holística. Ao elaborar uma reportagem, você precisa falar com todas as partes do ocorrido e isto te dá estrutura para não ser tão julgador. E, graças ao não julgamento, você ganha este olhar além do alcance.
Depois, checar os fatos, sempre! Quantas fofocas ou mal-entendidos já resolvi com uma simples checagem. Ao conhecer todas as opiniões, você ganha sabedoria para chegar mais próximo de uma possível realidade.
Quer escrever qualquer projeto? Sugiro o 3QOPC. A famosa regra para construir lead e sub-lead é uma poderosa ferramenta para explicar qualquer ideia ou conceito. Que, quem, quando, onde, porque e como. Responda a estas questões e você terá o projeto que quiser.
A pirâmide invertida te dá o foco para saber o que é mais importante, o que é complemento e o que são detalhes de qualquer assunto que quiser tratar. Colocar qualquer questão na pirâmide invertida te dará consciência do que realmente é para se considerar e o que pode ser descartado.
E para se comunicar com qualquer tipo de pessoa? É simples! Crie sua fala para que uma criança de 9 anos e um senhor de 90 anos te entenda ao mesmo tempo. Se você conseguir se expressar para eles, você conseguirá conversar com quem quiser.
E, o principal deles, empatia. Entender que cada vida importa. Quando fazemos jornalismo, usamos casos reais, de pessoas reais. Se não tivermos zelo nestas exemplificações, podemos destruir a vida de alguém. Já vi muitos colegas, por inocência, arrasando vidas. Eu, no meu período de estagiária, querendo impressionar o chefe, coleciono alguns arrependimentos.
Até eu mesma já fui vítima de um jornalismo mal feito. Me usaram como personagem para justificar uma teoria que a pauta sugeria e, ao invés, de readaptarem o tema pelo que foi apurado em campo, eles preferiram encaixar o que ouviram em campo naquilo que já havia sido considerado. Vi muito disto ser feito, e, na minha época de foca (trainee), já havia percebido que tudo que você publica pode machucar o outro. E foi quando entendi a importância de fortalecer e desenvolver ainda mais a minha empatia.
Graças a tudo que a faculdade de jornalismo me trouxe e todo o aprendizado que o jornalismo me deu bom e ruim, construí uma estrutura forte o suficiente para enfrentar qualquer desafio. Hoje, tenho a minha própria agência e trabalho com clientes em cinco segmentos totalmente diferentes.
E porque estou escrevendo tudo isto? Porque os jornalistas, por estarem sempre atrás da notícia, no limiar de tudo o que acontece, não seria diferente se eles não sofressem primeiro as consequências de qualquer transformação mundial. E, até nisto, ficamos à frente. O mundo já está passando por mais uma revolução, desta vez, a tecnológica. O que estão prevendo para os próximos anos em não precisar mais de advogados ou radiologistas no futuro, nós, jornalistas, já passamos por isto há um bom tempo. E temos tanta sorte que, além de termos mais tempo para adaptação, aprendemos a como sobreviver a esta pretensa extinção de nosso segmento.
O que estamos passando nos dá força e ainda mais empatia para ajudar os outros que sofrerão a mesma adaptação em um futuro próximo. Estas pretensas derrota e falência são a nossa escola que nos ensinou as qualidades necessárias para conduzirmos empresas, pessoas e sociedade neste amanhã tão revolucionário. Vejo esta queda como um aprendizado para o ego e vaidade, porque são eles que estragam tantas escolhas e caminhos em nossa história. Foram eles que destruíram o jornalismo. E foi a derrota que nos desintoxicou destes vícios. E é ela que nos leva além.
Jornalistas, acreditem, vocês têm todas as qualidades, estrutura e, agora, sabedoria para guiar de forma consciente e sábia esta nova revolução. Basta saber acreditar em vocês e ajudar os que ainda nem sequer passaram por esta crise que vivemos há tanto tempo. O amanhã para o jornalismo não é só possível, ele é brilhante.
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