Diferentemente do que diz o Estadão, estamos com quase 40% da população com a primeira dose, e não 31%. Então, por que a imprensa brasileira, com muita frequência, calcula o percentual de vacinados contra a Covid-19 pela “população total” se apenas os maiores de 18 anos, até agora, estão realmente aptos e são o público-alvo da imunização?
Leia mais:
- Cobertura parcial dos protestos vira meme e deboche na internet
- ‘Big Brother’ na sala de aula de um curso de jornalismo
Imagina se o mesmo modelo de comparação jornalística fosse feito com a Sabin, onde só crianças até 5 anos são vacinadas? Seríamos uma tragédia contra a poliomielite justamente onde somos exemplo para o mundo desde a década de 80!!! Mas lá, ufa, fala-se de população vacinada de crianças até 5 anos de idade.
Vacinação é público-alvo, não população total! A imprensa internacional – e mesmo a doméstica – quando se refere a outros países, usa-se a “população adulta” para medir o percentual vacinado de cada país.
Quando jornais, como o Estadão, tomam sempre a população total do Brasil como referência, o que diminui o percentual proporcional vacinado, é imperícia jornalística, porque crianças não serão vacinadas nem têm ainda recomendação para isso, mesmo que já se fale em vacinas seguras para jovens acima de 12 anos. Mesmo assim, teríamos ainda os abaixo de 12, o que mancha a insistência do jornal na comparação percentual com a “população total”.
Ou é má fé, visto que passa a mensagem errada de que estamos mais longe da meta de vacinar todos os adultos, o verdadeiro público-alvo, do que realmente estamos.
Em tempo: segundo o IBGE, somos um pouco mais de 213 milhões de brasileiros com uma população acima dos 18 anos em torno de 172 milhões. Quase 66 milhões de vacinados ultrapassa os 38%. É muita diferença na matemática e um assombro na interpretação do texto.
____________________
Conteúdo publicado originalmente no perfil do autor no Facebook.