“Os objetos espalham-se pelas bibliotecas e pelas salas. Ao vê-los, inertes na aparência, compunjo-me, procuro saber que arrebato se escondeu em cada um deles. Entre eles, observo o pince-nez com o qual Machado escrevia. Este pince-nez arfa na Academia Brasileira de Letras. Felizmente, alguém o retirou do seu rosto salvando-o de seguir com Machado de Assis para a eternidade”, disse a escritora.
Antes de Nélida, cumprindo a tradição da ABL nas comemorações de seus aniversários, o atual presidente, Domício Proença Filho, leu o discurso pronunciado por Machado de Assis na sessão inaugural da Casa.
Na mesma solenidade, a ABL fêz a entrega do Prêmio Machado de Assis 2017 ao historiador baiano João José Reis, considerado uma referência mundial para o estudo da história e da escravidão no século 19 no Brasil.
Reis, de 65 anos, tem diversos livros publicados, entre eles Liberdade por um Fio: História dos Quilombos no Brasil; Rebelião Escrava no Brasil: A História do Levante dos Malês e A Morte é uma Festa, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Literatura.
A comemoração dos 120 anos da ABL foi encerrada com uma apresentação do Quarteto de Cordas Rio de Janeiro, formado pelos músicos Ricardo Amado, violino; Andrea Moniz, violino; Dhyan Toffolo, viola; e Ricardo Santoro, violoncelo, seguida de um coquetel.
Atualmente com uma de suas 40 cadeiras vaga, a Academia já tem data marcada para a próxima eleição: 10 de agosto. O favorito para a Cadeira 27, vaga desde a morte do professor, crítico literário e ex-ministro Eduardo Portella, em 2 de maio deste ano, é o poeta Antonio Cícero. No dia seguinte, 11, tomará posse o historiador Arno Wehling, que em março venceu Cicero por 18 votos a 15 na disputa pela Cadeira 37, vaga com o falecimento do poeta Ferreira Gullar, em dezembro do ano passado.
Edição: Nádia Franco