Abraji lança campanha contra violência a jornalistas

Entidade chama a atenção sobre atos contra profissionais da imprensa. Ação foi desenvolvida pela agência Ogilvy

“Se a notícia é a violência contra jornalistas, temos um problema”. Tendo em vista o cenário de constantes violações à liberdade de expressão no Brasil, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) lançou campanha publicitária. A ação é baseada neste mote.

Criada pela agência Ogilvy, a ação objetiva chamar a atenção para casos de violência e agressão a jornalistas durante o exercício da profissão.

“A violência contra jornalistas é um sintoma, uma mostra de que nossa democracia precisa avançar muito em determinadas áreas. A Abraji espera, de autoridades e da sociedade, atos concretos para garantir a segurança daqueles que promovem e asseguram a livre circulação de ideias e informações”, afirma o presidente da Abraji, Daniel Bramatti.

Entre junho de 2013 e o início deste ano, a Abraji contabilizou ao menos 300 casos de agressões a jornalistas no contexto de manifestações. Só em 2018 — ano eleitoral — já são no mínimo 56 os casos de agressões, hostilidades ou ameaças a comunicadores em contexto político, partidário ou eleitoral. Há fortes indícios de que ao menos um jornalista foi assassinado em retaliação a seu trabalho profissional este ano.

“A violência contra jornalistas é um sintoma, uma mostra de que nossa democracia precisa avançar muito”

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), por sua vez, informa que 41 jornalistas foram assassinados no Brasil entre 1992 e 2018 por motivações relacionadas ao seu trabalho. No Ranking da Liberdade de Imprensa 2018, organizado pela Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil ficou na 102ª posição entre os 180 países avaliados. Segundo a organização ARTIGO 19, foram 27 as violações graves contra comunicadores no Brasil em 2017, incluindo dois homicídios. Desde que a ONG começou o monitoramento, há seis anos, foram 177 violações, sendo 24 os homicídios.

(Imagem: divulgação/Abraji)

A campanha também tem como objetivo divulgar o Programa Tim Lopes.  O projeto foi lançado pela Abraji em 2017. Ele foi concebido para acompanhar as investigações sobre homicídio, sequestro ou tentativa de homicídio e sequestro de comunicadores. Se for o caso, dar continuidade às reportagens que eles executavam quando foram impedidos. O projeto é financiado pela Open Society Foundation.

Abraji: histórico de campanhas para denunciar violência contra jornalistas

Em sua primeira fase, o Programa Tim Lopes lançou o documentário “Quem matou? Quem mandou matar?”. Produzido pelo jornalista Bob Fernandes, pelo fotógrafo Bruno Miranda e pelo fotojornalista João Wainer, o filme reúne cenas inéditas de quatro reportagens publicadas pela Abraji em outubro de 2010. Elas contam as histórias dos assassinatos de seis jornalistas. Gleydson Carvalho, Djalma Santos, Rodrigo Neto, Walgney de Carvalho, Paulo Rocaro e Luiz Henrique ‘Tulu’ foram assassinados entre 2012 e 2015. Os crimes ocorreram no interior de Minas Gerais, Ceará, Bahia e Mato Grosso do Sul. O trabalho revela os bastidores e os riscos de se fazer jornalismo fora dos grandes centros.

A segunda fase do projeto, já em andamento, usará uma rede de jornalistas das principais redações do país para cobrir os casos que se enquadrem no escopo do programa. A iniciativa é coordenada pela ex-presidente da Abraji, Angelina Nunes.

As peças digitais da campanha podem ser baixadas livremente neste link.

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Por Rafael Oliveira.

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Abraji

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Criada em 2002 por um grupo de jornalistas brasileiros interessados em trocar experiências, informações e dicas sobre reportagem, principalmente sobre reportagens investigativas. É mantida pelos próprios jornalistas e não tem fins lucrativos.

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