Categories: Comunicação

Ações na Justiça por inadimplência em condomínios aumentam 12% em São Paulo

A inadimplência de condôminos em São Paulo levou à abertura de 4.759 ações na justiça de janeiro a junho de 2022, segundo dados do Tribunal de Justiça do estado (TJSP) contabilizados pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais (Secovi-SP). Os números representam um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram protocoladas 4.250 ações.

No acumulado do mês junho deste ano, em comparação com 2021, o aumento foi de 2,2%. O aumento verificado em 2022 desmente a previsão de queda esperada para este ano após o registro do menor percentual de inadimplência verificado no estado, em novembro de 2021, segundo a Associação dos Administradores de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC). Na ocasião, a expectativa era uma tendência de queda para este ano.

A falta de pagamento da taxa de condomínio é um dos desafios de síndicos e gestores de condomínios e costuma ser motivo de conflitos entre os condôminos. Nessas, é preciso agir com cautela, aconselha o advogado Leandro Gomes Vieira. “Uma das atribuições do síndico é negociar com os condôminos inadimplentes. Para evitar conflitos dessa natureza, o síndico deve optar por acordos amigáveis que facilitem o pagamento da dívida e, em último caso, cobrar judicialmente”, diz.

Além de cobrar pela falta de pagamento das taxas que mantêm o condomínio funcionando, o síndico também precisa resolver diversos outros desentendimentos entre os moradores. A pandemia da Covid-19, que obrigou a convivência mais próxima entre condôminos por conta das medidas sanitárias contra a doença, fez esses desentendimentos aumentarem.

Segundo pesquisa realizada em cinco mil condomínios brasileiros nos três primeiros meses de 2021, a quantidade de multas, que estava em queda nos últimos meses de 2020, voltou a aumentar no ano seguinte. Em levantamento de uma administradora de condomínios, realizado em abril do ano passado, 43,2% dos síndicos entrevistados disseram que o número de ocorrências por barulhos e brigas entre vizinhos cresceu em 2021 e 23,6% disseram que o problema piorou no segundo ano da pandemia.

Vieira explica que o primeiro passo para que o síndico possa administrar os conflitos que surgem entre os moradores é conhecer muito bem o regulamento interno e a convenção do condomínio. No caso de problemas de convivência, que costumam ser evidenciados especialmente nas assembleias gerais e reuniões dos moradores, é preciso agir com firmeza. “Para evitar discussões desnecessárias, o síndico precisa manter a ordem para garantir que sejam debatidos apenas os assuntos que estão na ordem do dia”, comenta o advogado, que tem 17 anos de experiência na área jurídica.

Barulhos e animais de estimação também causam discórdia entre condôminos

De acordo com o advogado Leandro Vieira, outro motivo de reclamação que precisa da atenção dos administradores do condomínio são os barulhos excessivos, incluindo os conflitos causados por conta de latidos ou sujeira atribuídas a animais de estimação. “Quando a situação começa a incomodar a rotina dos moradores, o síndico deve intervir e conversar com as pessoas envolvidas, advertindo sobre as reclamações e, apenas em último caso, multá-las”, informa.

Já sobre as reclamações relacionadas aos animais de estimação, o advogado explica que o condomínio não pode proibir a circulação pelas áreas comuns, mas pode impor regras. “Ter um animal doméstico é direito do condômino, desde que siga as regras estabelecidas no regulamento interno do condomínio”, atesta o profissional, que possui experiência em conciliação e atuação na fase inicial de causas em juizados especiais cíveis e apoio na solução de conflitos interpessoais.

Inadimplência da taxa de condomínio contribui para o recorde de endividamento das famílias brasileiras

O aumento da inadimplência da taxa condominial coincide com os sucessivos recordes de endividamento da população brasileira. Segundo o Boletim Econômico Serasa Experian do mês de junho de 2022, 66,1 milhões de brasileiros estão endividados, número que atingiu o maior patamar da série histórica, iniciada em 2016.

De acordo com a Serasa, o número recorde pode ser explicado pelas altas da inflação e dos juros, aliadas ao desemprego ainda elevado e à queda da renda real dos brasileiros. As análises do atual cenário também levam à previsão de que a elevação dos níveis de inadimplência deve continuar nos próximos meses.  

Compartilhe
0
0
DINO

Recent Posts

Trans Obra se consolida como locadora de equipamento no Brasil, oferecendo soluções completas para construção civil

Oferecendo mais de 20 anos de experiência no setor de locação de máquinas e equipamentos,…

20 horas ago

Econet Editora promoveu evento gratuito com foco no Simples

Entre os tópicos em debate estavam as mudanças nos tributos das empresas enquadradas neste regime…

2 dias ago

Fenasan 2024 terá visita técnica à planta de biometano em São Paulo

Participantes vão conhecer a planta de biometano na Unidade de Valorização Sustentável obtido a partir…

2 dias ago

Crédito para transição climática é destaque na Semana do Clima de Nova York

Tema também estará no centro das discussões da COP29, no Azerbaijão, de 11 a 22…

2 dias ago

Ouribank oferece crédito para empresas para o final de ano

A inclusão do crédito doméstico na estratégia do banco representa uma ampliação do portfólio, que…

2 dias ago

Manpower abre mais de 100 vagas na área logística

Manpower em parceria com uma das maiores plataformas de e-commerce no segmento de varejo de…

2 dias ago