Curitiba, PR 16/12/2020 –
O aumento indiscriminado do uso da internet e redes sociais, a falta de políticas públicas de combate ao suicídio e as mudanças sociais no país são os motivos apontados por pesquisadores da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) para justificar o aumento desproporcional do suicídio entre adolescentes que vivem nos grandes centros urbanos do país: 24% de 2006 para 2015. O estudo, publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, mostra que a depressão é a chave e o fator de risco para o suicídio. Em um ano em que a pandemia alterou drasticamente a vida de todos, comprometendo a socialização de jovens em uma fase tão determinante da vida, o assunto deve ser motivo de preocupação não só para os pais, mas também para escolas e educadores.
Especialistas afirmam que é fundamental que os adolescentes aprendam a lidar com suas emoções a fim de controlar o comportamento e moldar as atitudes. Ajudar os jovens nesse caminho é um dos principais desafios da Educação contemporânea. De acordo com a diretora pedagógica do Sistema Positivo de Ensino, Acedriana Vogel, é preciso desenvolver as competências socioemocionais desses adolescentes que, além de passarem por mudanças hormonais e particularidades típicas da fase, estão cada vez mais expostos aos problemas do mundo adulto.
Segundo a pedagoga, a capacidade de lidar com as próprias emoções é essencial no período escolar e será ainda mais útil no futuro profissional desses jovens. Já contemplada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), muitas escolas começaram a trabalhar o desenvolvimento dessas competências em sala de aula durante o ensino remoto. As reflexões levantadas por professores fazem os alunos aprenderem sobre identidade e autoconhecimento, projeto de vida, autoestima, entre outros temas. “As aulas constituem momentos oportunos para que os professores abordem temas que gerem discussão e reflexão, provendo um espaço para ouvir os estudantes. Quanto mais abertura para que eles possam se expressar, mais produtivo será o trabalho em sala de aula”, explica.
Segundo Acedriana, é na escola que, em geral, os adolescentes se deparam com os primeiros grandes desafios, onde aprendem a socializar e começam a entender que as frustrações fazem parte da vida. “É o momento ideal para ajudarmos esses alunos a entenderem melhor suas questões. Às vezes, tudo o que eles precisam é serem ouvidos e terem alguém que os ajude a identificar os sentimentos”, acrescenta a educadora. Segundo ela, neste ano, por conta da pandemia, do isolamento social e da suspensão das aulas presenciais, a falta de atividades em grupo e do relacionamento com indivíduos da mesma idade geraram dificuldades ainda maiores para crianças e adolescentes. “Para 2021, isso precisará ser considerado por gestores escolares e professores que vão precisar incluir nos planejamentos de trabalho maneiras de compensar esse cenário, trabalhando fortemente não apenas as habilidades e competências cognitivas para ajudar a desenvolver a inteligência emocional, mas também o acolhimento e a escuta ativa”, conclui.
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