Jornalistas de Agência Mural e Ponte Jornalismo, Paulo Talarico e Fausto Salvadori falam do trabalho para quebrar estereótipos
Conhecidos como muralistas, os comunicadores da Agência Mural são os principais alicerces responsáveis pelo diferencial do veículo. Com uma equipe formada por correspondentes locais dos bairros periféricos que são cobertos pela iniciativa, e também com uma abrangência de regiões abordadas, “é possível conectar convivências, porque são muitas realidades diferentes”, afirma Paulo Talarico, editor do projeto desde 2011.
Criada em 2010 para tentar incluir nas pautas da grande mídia as rotinas dos moradores das áreas afastadas do centro de São Paulo, tanto da cidade quanto da região metropolitana, a Mural “já nasceu com o intuito de tirar o sensacionalismo e os estereótipos”, explica Talarico.
Como quem vive nos bairros conhece a realidade da região, ninguém melhor que eles para produzir as reportagens que tratam de assuntos do próprio local. “É mais fácil para quem anda todo dia ali perceber os problemas”, comenta o editor da Mural, o qual acredita que essa estrutura de correspondentes permite uma abordagem humanizada das vidas dos cidadãos das comunidades.
Violência nas periferias é o único assunto que não é abordado pela Mural. Talarico afirma que isso acontece porque o tema já é coberto por outros veículos de comunicação, sejam eles alternativos ou da grande mídia.
Também é uma forma de desconstruir preconceitos, ao mostrar que nas áreas periféricas não existe só violência e crime. “É para mostrar pela voz da comunidade um pouco das dificuldades, mas também das partes boas”.
Com foco nos moradores das comunidades, o veículo tenta dar visibilidade às histórias que eles têm para compartilhar, tentando deixar claro que “não são pessoas que são apenas vitimizadas, que há protagonismos nessas regiões” em todos os cenários, como a cultura, o esporte, o entretenimento e as reivindicações políticas dos movimentos sociais.
Com blog hospedado no jornal Folha de S. Paulo desde o início, a Agência Mural consegue chegar até a grande mídia alcançando maior visibilidade. O editor prefere não rotular a Agência Mural em categorias como jornalismo cidadão ou comunitário. Escolhe dizer que “tenta fazer bom jornalismo”.
Para ele, o maior desafio é “conseguir fazer com que esse jornalismo chegue nessas pessoas”. “Essa é a questão do bom jornalismo, conseguir fazer diferença nos bairros com a informação”, opina o editor.
Outro veículo que se destaca quando o assunto são direitos humanos, é a Ponte Jornalismo. Fausto Salvadori, um dos repórteres do site, já havia trabalhado antes com o chamado jornalismo policial. Viu que nessa área as questões social e racial apareciam constantemente. Mas, que apesar da necessidade de evidenciá-las para um entendimento completo do contexto das reportagens, elas eram colocadas em segundo plano.
Salvadori decidiu então que essas questões precisavam de visibilidade. “Fui aprendendo que o que o jornal considera como notícia é o que acontece com a classe média para cima”, lamenta o jornalista. E foi aí que a Ponte Jornalismo começou a virar realidade em 2014.
“Éramos todos jornalistas que tínhamos trabalhado com a área policial e nos sentíamos muito incomodados com a maneira como ela era coberta no Brasil”, relembra Fausto sobre os fundadores da Ponte.
Com o objetivo de abordar assuntos de segurança pública, justiça e direitos humanos, o meio de comunicação busca ser uma ferramenta de denúncia das injustiças sociais sofridas pelos cidadãos mais excluídos, além de, assim como a Mural, dar visibilidade às várias histórias que essas pessoas têm para contar.
“Para quem cobre a área de direitos humanos e segurança pública as histórias são simples, mas chegam com um tom muito forte, muito urgente, e se você pegar você tem que fazer”, afirma o jornalista sobre o caráter de denúncia das matérias.
Salvadori não nomeia a Ponte como jornalismo alternativo, mas vê seus fundadores e repórteres como “nativos digitais”, que são aqueles jornalistas que trabalham em veículos que nasceram e cresceram no meio virtual.
Para o repórter, evidenciar e debater as questões raciais e sociais e não ouvir apenas fontes oficiais são alguns dos caminhos essenciais que um profissional da comunicação deve seguir. Confrontando-as com os relatos de pessoas comuns que vivenciaram os acontecimentos abordados, é feito um trabalho jornalístico bem apurado e plural.
Como em um efeito dominó, essas abordagens mais humanizadas facilitam a aproximação com os personagens para a produção das matérias. “Os cidadãos procuram aqueles veículos em que sentem que podem confiar no tratamento que aquela notícia vai ter”, comenta Fausto.
Não só aproxima o repórter da fonte, mas os novos meios de comunicação que dão voz às pautas das periferias também acabam influenciando o modo de fazer jornalismo da grande mídia. “Faz com que a grande mídia reflita melhor sobre como tratar esses aspectos. Há muito mais cuidado com questões que antes não tinha”, opina Paulo Talarico, concluindo que o jornalismo está sempre em transformação. “Não tem hoje uma fórmula que vai durar para sempre. Sempre vai ter que buscar como melhorar”.
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Por Beatriz Caroline Trevisan. Integrante do projeto ‘Correspondente Universitário‘ do Portal Comunique-se e estudante do 4º semestre do curso de jornalismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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