A justiça ainda é acionada por causa do atentado. Uma parte da opinião pública não acredita no depoimento do criminoso. Para variar surgem várias narrativas, as mais exóticas como ser ele um agente infiltrado de um grupo terrorista, até motivado única e exclusivamente a serviço do partido de oposição. O fato é que ele quase teve sucesso.
O presidente é gravemente ferido em um local público e sofre uma grave hemorragia. Imediatamente os agentes de segurança conseguem levá-lo para o pronto atendimento de um hospital. Há uma correria e o principal objetivo dos médicos é estancar o sangramento. Ninguém sabia se ele resistiria ou não aos ferimentos e o que aconteceria com os destinos do país, já tão conturbado por protestos de facções rivais. Não é o melhor momento para a nação passar por uma provação como essa.
Os jornalistas são tomados de surpresa e quando a notícia do atentado chega nas redações, muitos não quiseram acreditar atribuindo a algum ativista a divulgação de uma notícia tão grave. Passado o primeiro choque as redações recebem as primeiras imagens do atentado e começam a procurar informações sobre a identidade, origem e o passado do acusado. Há controvérsias e a televisão mostra os momentos do ataque, da queda do presidente, o corre-corre dos seguranças. Uma legião de repórteres corre para o hospital em busca das últimas informações dos médicos e atendentes.
Na retaguarda, a produção jornalística entra em contato com médicos para ser entrevistados no ar e dar prognósticos sobre a gravidade do ferimento. Isso só aumenta a confusão uma vez que, mesmo alertando que falam em tese, uma vez que não viram o paciente, a leitura que o público faz é de insegurança e instabilidade no país. Ninguém sequer cogita que o tal atentado não existiu e é apenas uma encenação do presidente para ganhar mais apoio político da população. Bolsa e dólar são as testemunhas da insegurança.
Todos os responsáveis ou morreram na perseguição ou foram condenados à pena de morte.
Com o início das investigações a primeira premissa é que o atentado se deu por motivação política. Contudo, em audiências posteriores o criminoso muda a versão e diz que tinha atirado apenas para chamar a atenção de uma estrela de cinema sobre ele. John W. Hinckley Jr. atirou no presidente republicano Ronald Reagan, no secretário de imprensa e em dois seguranças na calçada de um hotel na capital do país. Não é a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos sofre um atentado e pelo menos dois deles se tornaram mais famosos depois de sua morte, Abraham Lincoln e John Kennedy.
Todos os responsáveis ou morreram na perseguição ou foram condenados à pena de morte. Hinckley está vivo. Cumpre pena de prisão perpétua. Seus advogados têm esperança de libertá-lo depois de exatamente 40 anos do atentado. A tese da defesa é insanidade mental, ou seja, ele não pode responder pelos seus próprios atos. Já obtiveram sucesso uma vez que a justiça autorizou saídas para encontro de familiares em locais fechados. Está nas mãos da justiça, através de um júri criminal, a concessão de uma liberdade condicional permanente. Ninguém cogita mais que o atentado foi uma farsa política.
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