A comunicação brasileira sofreu uma baixa na manhã desta terça-feira, 22. O jornalista Alberto Dines morreu em São Paulo. Segundo informação divulgada pela equipe do Observatório da Imprensa, projeto fundado pelo comunicador em 1994, ele estava internado no Hospital Albert Einstein. A causa da morte não foi revelada até o momento.
“É com profunda tristeza que a equipe do Observatório da Imprensa comunica o falecimento de seu fundador, Alberto Dines (1932-2018) na manhã de hoje no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Estamos preparando uma edição especial sobre o legado do Mestre Dines a ser publicada em breve”, publicou o Observatório da Imprensa em sua página no Facebook.
O conteúdo sobre a morte de Alberto Dines repercutiu nas redes sociais e em veículos de comunicação. Às 10h37, o nome dele aparece no topo dos trending topics Brasil no Twitter. Sites de veículos como Estadão, UOL, O Globo, Folha de S. Paulo e Jornal do Brasil noticiaram a perda para a imprensa brasileira. O G1, por sua vez, afirma que o Brasil perde “um dos jornalistas mais importantes do país“.
Colegas de profissão aproveitaram para enaltecer a trajetória profissional e a importância do trabalho dele para o jornalismo brasileiro. Colunista de O Globo, Bernardo Mello Franco relembrou que o jornalista, enquanto editor-chefe do Jornal do Brasil, driblou a censura imposta pela ditadura militar em 1973. Na ocasião, a primeira página do impresso destacou a morte do presidente chileno Salvador Allende.
Editor-chefe da Tribuna de Limeira, Claudio Bontorim afirmou que “o Jornalismo – com J maiúsculo – brasileiro perde um de seus maiores expoentes”. “[Era o] mais capacitado e completo profissional da história desse país”, complementou Bontorim. Profissional do Grupo Globo, André Trigueiro também elogiou a história construída pelo criador do Observatório da Imprensa. “Foi um batalhador do bom jornalismo”, afirmou.
Os primeiros passos de Alberto Dines na comunicação social foram dados na mídia impressa. Conforme relembrado pela reportagem do G1, ele teve o primeiro contato com a área em 1952, ano em que atuou para a revista A Cena Muda. Nos anos seguintes, passou pelas revistas Visão e Manchete. Em jornais diários, passou por Última Hora, Tribuna da Imprensa e Diário da Noite. Em 1962, tornou-se editor-chefe do Jornal do Brasil, permanecendo na função por 12 anos, período em que teve de noticiar o golpe militar e lutar para burlar a censura imposta no país. Fora do JB, colaborou para a Folha de S. Paulo e Editora Abril, além de ter morado em Portugal.
De jornalista, Alberto Dines passou a condição de crítico do jornalismo. Em 1994, criou o Observatório da Imprensa, veículo nativo do impresso voltado a analisar o trabalho da imprensa brasileira. Dois anos depois, o projeto ganhou versão online e fez com que a sua trajetória profissional ganhasse caminhos além da mídia escrita.
O Observatório da Imprensa ganhou status de marca multimídia, sempre sob comando do próprio Alberto Dines. Em 1998, o projeto ganhou versão televisiva, sendo exibido inicialmente pela TV Educativa do Rio de Janeiro. Depois da criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a atração passou a ser transmitida em nível nacional pela TV Brasil.
A versão televisiva do Observatório da Imprensa ficou no ar até 2016, quando a direção da TV Brasil reformulou a grade de programação. A extinção do programa foi lembrada pela jornalista Cynara Menezes, do blog Socialista Morena. Ela citou o caso ao responder a mensagem divulgada pelo presidente Michel Temer em “cumprimentos à família” do comunicador.
“A família de Alberto Dines sabe que o senhor acabou com o programa dele na TV brasil em 2016. o programa ‘Observatório da Imprensa’ existia havia 17 anos”, publicou Cynara Menezes em seu perfil no Twitter. Além da crítica a Temer, ela e outros profissionais da imprensa lamentaram a morte do jornalista que, entre outras atividades, se propôs a observar a própria imprensa.
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