Fernando Guifer, articulista-parceiro do Portal Comunique-se, fala sobre o lado do avesso do ser humano
O que explica o fato de alguns dos nossos maiores objetivos quase nunca saírem conforme desejamos ou, até mesmo, nem se tornarem reais, mesmo se conduzidos de um jeito “certinho”, “cronometrado”, “engravatado”, e pensado passo a passo nos mínimos detalhes?
Oras. Talvez a resposta dessa problemática esteja justamente na pergunta.
Afinal, temos a inconsciente mania de sempre percorrer um caminho já pré-estabelecido pela sociedade sem qualquer desvio ou questionamento, buscando seguir um tutorial criado por terceiros de acordo com a vivência que eles tiveram e que agora julgam como sendo a verdade absoluta para uma completa realização de algo lá na frente.
Resumindo: fazemos sempre o que todos os que já obtiveram seus êxitos fazem, e ponto. Não damos nossa cara ao nosso próprio sonho e talvez por isso não conseguimos concretizá-los integralmente da forma com que foram vislumbrados por nós mesmos.
E, sonho, ao contrário do que muitos pensam, não é receita de bolo. Mais do que pessoal e intransferível, a customização do objetivo é indispensável para atingi-lo em sua plenitude.
Repare que, geralmente fugimos do “arriscar”, não enfrentamos os receios com afinco, e evitamos com firmeza dividir uma xícara de chá com o que entendemos por desconhecido.
O motivo? Bom, estes são lugares que “nada vão acrescentar de forma positiva em nossa busca pelo sucesso-barra-felicidade e, claro, são moradias defasadas e já apelidadas como “berços do fracasso”. Então, devemos nos manter o mais longe possível destes pontos fora da curva”, certo?
Não, não. Errado!
A vitória não está no óbvio.
O triunfo está justamente naqueles lugares jamais habitados dentro de nós. Troquemos este amarelado e ultrapassado mapa da mina utilizado à exaustão pelos nossos semelhantes e busquemos explorar melhor o caos e a desordem que existe em nosso íntimo.
Zere teu HD. Revire os planos de ponta cabeça e bata a poeira da mesmice. Inove sua programação de vida e confronte o quartinho da bagunça. Instigue suas fraquezas e, por fim, procure fora da gaveta (porque às vezes realmente cai no chão).
Jogue os pensamentos na mala e se mude para aquele lugar em que todos fogem. Corte caminho pela viela que ninguém passa e turiste por nuances jamais habitadas por quem quer que seja.
Lembre-se de que se você fizer do caos uma prioridade, estará sempre à frente dos que riem dele.
De vez em sempre nosso melhor lado é o avesso. A gente só precisa se permitir explorá-lo para realizar e desfrutar a própria essência sem qualquer receio de errar ou ser julgado, até porque, como bem sabemos, a busca pela felicidade é feita disso mesmo.