De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a hipertensão é uma doença crônica que afeta cerca de 30% dos brasileiros e é responsável por mais de 10 milhões de mortes em todo o mundo. Mesmo sendo uma doença silenciosa, na maioria dos casos, com o principal sintoma sendo a elevação dos níveis de pressão arterial acima de 140/90 mmHg, é fundamental que a população esteja consciente dos cuidados e medidas de prevenção.
A doença está cada vez mais comum na sociedade moderna, afetando homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres, idosos e crianças, gordos e magros, pessoas calmas e nervosas. No país, estima-se que aproximadamente 350 mil pessoas percam a vida devido a doenças cardiovasculares, sendo a hipertensão arterial sistêmica (HAS) uma das principais causas. A HAS é responsável por 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC) e também agrava condições como infarto, aneurisma arterial e insuficiência renal. Segundo dados de 2019 do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, estima-se que entre 35 milhões e 40 milhões de adultos brasileiros, correspondendo a cerca de 25% da população adulta do país, sejam hipertensos
O médico titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia e integrante da equipe do Hospital Mater Dei Santa Genoveva, Dr. Rodrigo Penha de Almeida, destaca que a pressão se eleva por vários motivos, mas principalmente pela dificuldade de relaxamento dos vasos sanguíneos, que pode ser influenciada pelo estilo de vida adotado pela pessoa. Por se tratar de uma doença multifatorial, não existe uma causa única para o surgimento de hipertensão arterial e, sim, fatores de risco. Dr. Rodrigo alerta que, se uma pessoa é sedentária, alimenta-se mal, está acima do peso e tem antecedentes familiares de hipertensão, a chance de desenvolver a doença é grande. Porém, mesmo que não tenha nenhum desses fatores, ainda assim a doença pode aparecer, lembrando que a idade é um fator importante para o seu surgimento.
No entanto, a alimentação pode influenciar no controle da pressão arterial. Alguns alimentos podem ajudar também no controle, como frutas, verduras, legumes, sementes e oleaginosas, leguminosas, grãos e cereais integrais, carnes magras, leite, iogurte e queijos, na versão com menos gordura e em quantidade moderada, carboidratos integrais, em vez de refinados, e até 5 g de sal por dia. A dieta DASH, um acrônimo de Dietary Approaches to Stop Hypertension, é uma das dietas recomendadas para ajudar no controle da pressão arterial.
O sedentarismo também pode aumentar o risco de pressão alta, pois as pessoas sedentárias têm maior propensão à obesidade. O Dr. Rodrigo destaca que o exercício é essencial no controle da hipertensão, pois promove a dilatação natural dos vasos arteriais, com a liberação do óxido nítrico. As atividades físicas recomendadas para ajudar a prevenir e controlar a pressão arterial são caminhada, corrida, ciclismo, natação e musculação, mas é importante que a pessoa escolha uma atividade que goste e se sinta confortável.
O estresse também pode ser um componente importante no desenvolvimento da hipertensão arterial. Está cada vez mais provado que o fator psicológico tem papel fundamental no surgimento da hipertensão e, posteriormente, no seu controle. “Sob estresse, o organismo produz substâncias que elevam a pressão arterial e a frequência cardíaca, podendo também ser o gatilho para o desenvolvimento de um acidente vascular cerebral (AVC) ou um infarto do miocárdio”, explica o cardiologista. Técnicas de gerenciamento de estresse, como meditação, yoga e terapia cognitivo-comportamental, são recomendadas para ajudar a controlar a pressão arterial.
Segundo o Dr. Rodrigo, os medicamentos anti-hipertensivos funcionam reduzindo os níveis pressóricos, promovendo a vasodilatação arterial ou eliminando o sódio do corpo. Existem também medicamentos que reduzem a frequência do coração e atuam no sistema nervoso central.
A hipertensão arterial pode ter efeitos devastadores em outras partes do corpo, como os rins e o coração. “A pressão alta danifica os vasos sanguíneos, tornando-os endurecidos e estreitados, o que pode levar a complicações como infarto e AVC. Nos rins, a hipertensão arterial pode causar alterações na filtração e até mesmo paralisar o órgão”, alerta o cardiologista. No entanto, o Dr. Rodrigo destaca que essas situações graves podem ser evitadas com o tratamento adequado, bem conduzido por médicos.
Para prevenir a hipertensão arterial, é importante evitar os fatores de risco, como o sedentarismo, a obesidade, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo. No entanto, é necessário lembrar que somente isso não é suficiente e que os níveis de pressão arterial devem ser avaliados regularmente, para um diagnóstico precoce.
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