“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente; é o que melhor se adapta às mudanças.” Atribuída a Charles Darwin, a famosa frase parece uma profecia sobre o momento atual de transformações no jornalismo, em específico, e na própria indústria da comunicação como um todo. “O setor, assim como inúmeros outros, enfrenta hoje, por um lado, a disrupção trazida por novas tecnologias vindas de indústrias conexas; e por outro, a incerteza de anunciantes que, declaradamente, enxergam agora menor valor no que as empresas oferecem hoje, da forma como oferecem hoje. O setor sofre atualmente o maior abalo da sua história desde que surgiu, no final do século 19”, analisa o jornalista, consultor e autor Pyr Marcondes.
A disrupção oriunda das modernas tecnologias vem resignificando o modus operandi jornalístico, que já não conta com a mesma efetividade de antes, ao passo que os novos processos, até o momento, ainda não se estabeleceram. Este é um dos fatores, senão o principal, das demissões em massa de profissionais nos últimos anos. Nem antigos medalhões, nomes de peso da área, estão sendo poupados. Para os que ficam, o cenário é de pânico e enorme insegurança, sem falar, claro, da precarização das condições de trabalho. Mas “há luz no fim do túnel”. Novos caminhos podem ser desbravados. E um deles é o branded content. Contadores de histórias por natureza, os jornalistas devem explorar essa possibilidade. Foi demitido? Liga, não! Vai trabalhar com branded content!
Mas, afinal, o que significa esse termo inglês metido a besta? A expressão quer dizer “conteúdo de marca” e, como o próprio nome diz, está diretamente relacionada ao universo do símbolo. É um conceito posicionado na intersecção entre o marketing, a publicidade e a informação. E já é tendência mundial, de acordo com um estudo realizado no Reino Unido que destacou a migração de jornalistas da mídia tradicional para a criação de conteúdos personalizados voltados a marcas. É que o branded content exige profissionais que dominem a produção de conteúdos relevantes. E quem mais, senão os jornalistas, contadores de histórias por natureza, tem aptidão para atender a demanda?
Elaborado em abril de 2015 pela NewsCred, o relatório “Rise of the UK Brand Journalist: Journalists as Content Marketers” (algo como “a ascensão do jornalismo de marca no Reino Unido: jornalistas como profissionais de marketing de conteúdo”) conclui que as marcas estão à procura de conteúdo de qualidade para se aproximarem dos consumidores (clique aqui e confira o estudo na íntegra). “A combinação de criatividade, pesquisa e técnica prova ser um desafio quando se trata de recrutamento para este serviço. E os jornalistas, abalados com a crise dos modelos tradicionais, veem no marketing uma área promissora para atingir a estabilidade e o crescimento de suas carreiras”, afirma Vitoria Pessatto.
Cinquenta jornalistas e 50 empresas foram ouvidos no estudo da NewsCred, que revelou a dificuldade das marcas em alistar profissionais capacitados em compreendê-las e contar as suas histórias de modo criativo e envolvente. Segundo o relatório, 64% das empresas pesquisadas pretendem elevar os investimentos em marketing de conteúdo, ao passo que 51% dos jornalistas afirmam que a nova carreira é tão satisfatória quanto a anterior – o jornalismo tradicional. “Ainda de acordo com o estudo, que destaca cases de empresas que já investem na área, como General Eletric e Telefônica, o futuro do branded content parece bem promissor, sobretudo em relação ao crescente número de jornalistas que o consideram uma opção viável de carreira”, destaca Pessatto.
Empresas jornalísticas tupiniquins já estão de olho na demanda crescente de conteúdos personalizados. Uma delas é a Folha da Manhã, proprietária da Folha de S. Paulo, que criou no final de 2015 o Estúdio Folha. Segundo a empresa, o propósito é “utilizar as ferramentas do jornalismo para oferecer conteúdo feito sob medida para marcas em diferentes plataformas”. Mesmo mantendo os princípios básicos da Folha da Manhã, os conteúdos são elaborados por uma equipe multidisciplinar desvinculada da redação, formada por jornalistas e designers responsáveis por desenvolver os conteúdos em formatos como reportagem impressa, digital, vídeo, livro, revista ou guias. “Todo o processo é discutido com o patrocinador e aprovado por ele e todo produto realizado é identificado com a assinatura Estúdio Folha e o nome do patrocinador, com um tratamento gráfico distinto daquele do jornal”, pontua.
“A única constante é a mudança”, ensina outra frase famosa, atribuída ao grego Heráclito de Éfeso. Se é assim, tratemos então de nos despir de preconceitos e abrir os braços ao novo. Os profissionais mais valorizados são os que têm a habilidade de adquirir novas habilidades. Desafie-se, caro jornalista. Saia da sua zona de conforto. Identifique os pontos fortes e as competências que precisa desenvolver, e, principalmente, reinvente-se. Estamos falando, no final das contas, de sobrevivência. E você, acho, não vai querer morrer, certo?
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