Para jornalistas, América Latina é tão perigosa quanto o Oriente Médio

A informação foi divulgada pelo relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que reúne todos os anos dados importantes sobre jornalistas

Foi divulgado em 17.dez.2019 o relatório anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que compila dados sobre mortes, detenções, sequestros e desaparecimentos de jornalistas ao redor do mundo. O levantamento deste ano registrou uma queda recorde no número de jornalistas assassinados durante coberturas ou em decorrência do trabalho: foram 49 mortes, número mais baixo desde 2003.

A queda foi puxada pelos baixos índices de assassinatos em países que enfrentam conflitos — como Síria, Iêmen e Afeganistão, que se tornaram duas vezes menos perigosos para jornalistas em 2019. No entanto, os dados mascaram outro problema: a queda de cobertura jornalística nessas regiões por conta da insegurança. No Iêmen, jornalistas enfrentam risco de ataques, sequestros, prisão arbitrária e até condenação à morte, por conta das leis restritivas do país. O RSF apurou que, em consequência, muitos editores e repórteres de importantes veículos iemenitas abandonaram a profissão.

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A situação da América Latina também é destaque no documento, divulgado pela RSF desde 1995. Em 2019, 14 jornalistas foram assassinados na região. O México manteve os índices de 2018, com 10 mortes; em seguida, vêm Honduras (2), Colômbia (1) e Haiti (1). O cenário pode ser ainda pior, já que outros 8 assassinatos de comunicadores — em Brasil, Chile, Honduras, Colômbia e Haiti — ainda estão sob investigação. Permanece a dúvida se as mortes têm relação com o trabalho jornalístico.

“A fronteira entre países em guerra e em paz está desaparecendo para jornalistas”, comenta o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire. “Nós celebramos a queda no número de jornalistas mortos em zonas de guerra, mas, ao mesmo tempo, mais e mais jornalistas estão sendo assassinados por conta de seu trabalho em países democráticos, o que cria um desafio para a manutenção da democracia nos lugares em que esses profissionais vivem e trabalham.”

Jornalistas sob perigo

Fora das zonas de guerra, os jornalistas que enfrentam maiores riscos são aqueles que realizam investigações, principalmente sobre crime organizado. Além disso, a organização chama a atenção para a vulnerabilidade de profissionais que cobrem grandes protestos populares. Em 18.abr.2019, a morte de Lyra McKee, profissional da Irlanda do Norte, chocou o mundo: ela foi atingida por um tiro, enquanto cobria uma manifestação em Derry. Os disparos foram feitos por um possível membro do New IRA, um grupo paramilitar.

Outro dado preocupante obtido no levantamento é o crescimento do número de detidos arbitrariamente ao redor do mundo. Atualmente há 389 jornalistas presos por conta de seu trabalho — número 12% maior do que em 2018. Dentre esses, mais da metade estão presos em três países: China, Egito e Arábia Saudita.

O relatório completo está disponível aqui.

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Redação

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