Assim como qualquer outro tipo de prática quando ganha certa notoriedade e popularidade, a tatuagem começou a contar com decisões e escolhas vistas como duvidosas e polêmicas. Por se assemelhar a um processo cirúrgico, quando se fala de cicatrização, muitas pessoas podem temer a dor ou possíveis complicações.
Assim sendo, com o aval de tatuadores que foram contestados posteriormente, muitos clientes passaram a realizar suas sessões sob o efeito de pomadas como a xilocaína ou, até mesmo, a escolha de anestesias locais e gerais.
Entretanto, essa escolha virou motivo de grande debate sobre os riscos e a eficácia dessa prática. Quem escolhe fazer sua tatuagem com anestésicos, muitas vezes se vale da explicação de que cada um tem sua sensibilidade e resistência à dor, fato que teria motivado a escolha, visto que a possibilidade da dor não deveria ser impeditivo para quem deseja fazer algum desenho no corpo, independente do tamanho.
Nesse aspecto, a tatuagem seria tratada de forma parecida com uma cirurgia, de fato. Na visão de Daniel Couto, proprietário do estúdio ITattooClub, “a escolha pela anestesia passa muito pela impressão que a própria tatuagem tem na cabeça das pessoas. Mesmo com os avanços das práticas e materiais, a ideia geral ainda é a de que fazer uma tatuagem é um processo bastante doloroso. Assim, é natural que as pessoas busquem formas de evitar essa sensação e ainda ir atrás desse desejo”.
Porém, por mais que não haja estudos completos, ou mais focalizados nessa ideia, muitas críticas são tecidas pelas pessoas, e até tatuadores, sobre os riscos de se fazer o processo com a aplicação de pomadas ou injeções. “O principal ponto de divergência na questão dos anestésicos é que a aplicação de uma anestesia não faz parte da rotina de um tatuador. Assim, há riscos de que a aplicação não seja bem feita ou traga perigos à saúde, já que qualquer erro pode causar infecções, inflamações, reações alérgicas. Se tudo der errado, pode haver morte. Além disso, seu uso pode atrapalhar o processo de cicatrização”, relata Daniel.
Outro ponto de discussão vai além da aplicação em si. É sabido que as pessoas podem ter alguma reação alérgica à tinta utilizada. Nesse aspecto, o principal guia do profissional é o próprio cliente, devido à dor, coceira ou outra reação que a pessoa sinta e avisa. Quando isso acontece, tudo é parado na mesma hora.
Com a anestesia, essa sensação por parte do cliente deixa de acontecer, o que representa um grande perigo, visto que pode não haver tempo hábil para o tatuador notar a reação, parar o processo, e cuidar da saúde e dos primeiros socorros.
Quando se olha por esse prisma, a anestesia em si vira um obstáculo a mais para o profissional, enquanto se torna um risco a mais ao cliente, que não tem a obrigação de saber de todos esses riscos.
Para Daniel, “o processo de uma tatuagem é mais complexo do que pode parecer na visão das pessoas comuns. Não querer sentir a dor é natural, porém , se colocar em risco justamente por isso não é a melhor forma de escapar de uma sensação desagradável. Aqui no estúdio, quando o cliente pretende utilizar a pomada, pedimos para ele trazê-la e assinar um termo de Anamnese, onde indica que se responsabiliza pelo uso da pomada”.
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