“Guru bolsonarista”. A mesma definição foi usada por dois veículos de comunicação concorrentes em notas sobre Olavo de Carvalho: Folha de S. Paulo e O Globo. O escritor, que havia sido diagnosticado com Covid-19, morreu na noite de ontem, aos 74 anos. Ele estava hospitalizado em Richmond, cidade do estado norte-americano da Virgínia.
Além de definirem Olavo como “guru bolsonarista”, os dois jornais têm outro ponto em comum em relação ao escritor. Ambos foram, em sequência, empregadores dele. Em 1997, por exemplo, o palco dele na grande mídia passou a ser a Folha de S. Paulo, onde assinou coluna regular na seção ‘Folhetim’.
A relação profissional entre o autointitulado filósofo (que não chegou a concluir a graduação) com o Grupo Globo se deu de 2000 a 2005. No período, ele atuou como colunista da — hoje finada — revista Época e do jornal O Globo. Mudou-se para os Estados Unidos no mesmo ano que deixou de colaborar para as publicações da família Marinho.
As colaborações de Olavo de Carvalho para órgãos de imprensa foram além dos grupo Folha e Globo. Artigos formulados por ele ganharam vez em páginas de publicações como Zero Hora, Jornal da Tarde, Folha de Londrina, República, Primeira Leitura e Bravo. 193 escritos veiculados originalmente na mídia de 1997 a 2013 ganharam o mercado editorial por meio do livro O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. Comercializada pela Record, a obra foi organizada pelo jornalista Felipe Moura Brasil.
De 2006 a 2014, Olavo foi colunista do Diário de Comércio (jornal editado pela Associação Comercial de São Paulo). Artigos desenvolvidos para a publicação também tiveram vez no livro que vendeu mais de 200 mil exemplares. Ao noticiar a morte do articulista, o veículo o definiu como “mestre” e lembrou ter sido o último reduto que ele encontrou na imprensa brasileira.
Sempre provocador, Olavo acabou ignorado pela maioria dos meios de comunicação
“Polêmico, o escritor era contundente ao defender seu ponto de vista liberal e sua visão judaico-cristã de mundo”, afirma a equipe do Diário do Comércio. “Sempre provocador, Olavo acabou ignorado pela maioria dos meios de comunicação, mas encontrou espaço no DC. Como prezamos pelo bom jornalismo, acreditamos que o confronto de ideias seja necessário para a evolução da sociedade brasileira, que tem em seu pluralismo uma das principais características. E Olavo foi mestre em confrontar a visão corrente de mundo… estivesse certo ou errado em suas posições.”
Hoje definido como “guru bolsonarista” por dois de seus antigos empregadores, Olavo de Carvalho, que por quase duas décadas consecutivas teve espaço recorrente na imprensa como colunista, deixa a mulher, Roxane, oito filhos e 18 netos. “A família agradece a todos os amigos as mensagens de solidariedade e pede orações pela alma do professor”, registrou o perfil do escritor no Twitter.
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