Na cidade de São Paulo (SP), as vendas de imóveis avançaram em maio frente à inflação, embora com a retração no número de lançamentos. É o que demonstram dados de um levantamento do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) publicados pelo Broadcast, sistema de notícias do Grupo Estado. Segundo o balanço, 6.838 imóveis residenciais foram vendidos no período – uma alta de 16,2% em relação ao ano precedente.
A pesquisa também demonstrou que 69.614 unidades foram vendidas na capital paulista entre junho de 2021 e maio de 2022, um avanço de 14,9% em comparação ao acumulado dos 12 meses precedentes (junho de 2020 a maio de 2021). Também em maio, foram lançados 7.631 apartamentos na cidade. Em relação ao mesmo período no ano anterior, o dado representa uma queda de 9,6% Por outro lado, foi identificado um crescimento no acumulado de 12 meses, com o lançamento de 84.352 unidades.
Para Marcela Wandenkolk, CEO e diretora criativa do escritório de arquitetura “Marcela Wandenkolk Arquitetura e Interiores”, os apartamentos do tipo studio, em particular, são uma tendência e devem desempenhar um papel importante para a recuperação do mercado imobiliário brasileiro.
Ela explica que as incorporadoras utilizam a denominação “studio” para apartamentos com, aproximadamente, 30m², imóveis que contam com todos os cômodos integrados: cozinha, banheiro, dormitório, estar e, muitas vezes, terraço.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o presidente do Sinduscon-CE (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará), Patriolino Dias, destacou que a tendência, iniciada em São Paulo há cerca de seis anos, chegou à Fortaleza (CE), onde já há apartamentos com até 21 m². Por lá, empreendimentos com foco em studios têm ganhado a aderência dos consumidores, principalmente em regiões nobres da cidade, conforme publicado pelo jornal.
Estúdios atraem público diversificado e entram na mira dos investidores
“Em um apartamento studio, o dormitório pode ser integrado ao restante dos ambientes, ou não. Normalmente, os studios contam com áreas comuns que complementam o espaço do imóvel, como academias, lavanderias coletivas e espaços de coworking”, detalha Wandenkolk. “Diferentemente dos flats, a maior parte dos empreendimentos com studios não oferecem serviços de limpeza ou hotelaria”, complementa.
Na análise da arquiteta, este tipo de imóvel tem ganhado tanta força no mercado nos dias atuais porque atrai vários públicos. “Um studio é uma boa opção para quem busca o seu primeiro imóvel, pelo seu baixo custo. Com a expansão do trabalho remoto, também tem se tornado uma opção para aqueles que buscam um espaço para passar apenas alguns dias da semana próximos ao trabalho”.
Além disso, prossegue Wandenkolk, há muitos investidores que buscam este tipo de imóvel pela sua liquidez e facilidade de locação.
Estúdios seguem Plano Diretor de SP
A empresária acrescenta que São Paulo, especificamente, é uma cidade propícia para o florescimento deste tipo de imóvel. “Devido ao aumento do valor cobrado nos lançamentos em bairros nobres da capital, os studios acabam sendo uma opção acessível para quem busca um imóvel bem localizado. Com a maioria dos empreendimentos que contam com esta tipologia de imóvel tendo fácil acesso a meios de transporte público, as opções sem vagas são ainda mais atrativas”.
Segundo Wandenkolk, a distribuição de vagas também torna os studios atrativos às construtoras que, muitas vezes oferecem no mesmo condomínio apartamentos maiores com 1 ou 2 vagas. Ela cita que, conforme trecho do Plano Diretor de 2014, a orientação do crescimento da cidade nas áreas com boa infraestrutura e, em especial, ao longo dos eixos de transporte público, é a principal proposta para compatibilizar o crescimento urbano com um novo padrão de mobilidade.
“O Plano Diretor destaca que, nas áreas de influência – definidas em função da proximidade com corredores de ônibus, estações de metrô e trem – será permitido otimizar o uso dos terrenos, permitindo a construção de quatro vezes a sua área”, reporta. Paralelamente, avança Wandenkolk, o plano prevê o desestímulo às vagas de garagem, com o fim da obrigatoriedade de um número mínimo para os novos empreendimentos.
“Além do mais, o Plano Diretor propõe que as novas construções melhorem a sua inserção urbana, com elementos como uso misto, fachada ativa, espaço para fruição pública e calçadas maiores”, pontua a arquiteta. “Desta forma, os apartamentos estúdio contribuem para a qualificação dos espaços públicos, defendida pelo plano, assim como para a maior qualidade urbana e ambiental para as regiões de maior adensamento”, analisa.
Para a diretora criativa do escritório – que também atua com projetos de reforma -, a curto prazo o mercado de apartamentos studio deve seguir em crescimento, mesmo com determinada resistência dos compradores. “Por este motivo, são necessários investimentos em marketing e apartamentos modelos para que as pessoas se familiarizem com os estúdios, que são uma tendência em todas as metrópoles do mundo”.
A longo prazo, na visão de Wandenkolk, os studios se tornarão, cada vez mais, uma opção viável e atrativa, considerando o valor do metro quadrado na cidade, que não cessa em crescer, e a expansão da oferta de transporte público e de meios de transporte alternativos.
Para mais informações, basta acessar: https://www.marcelawandenkolk.com.br/