O jornal Gazeta do Povo lançou, na quarta-feira, 6, a ferramenta “Monitor da Doutrinação”, que de a receber relatos de doutrinação ideológica nas salas de aula brasileiras, que seriam publicados após apuração jornalística. A iniciativa provocou forte repercussão entre leitores, professores e o sindicato da área de educação no Paraná, advogados e empresárias. Assim, com texto reflexivo sobre o propósito da ação, o veículo retirou o projeto do ar.
“A reação nos levou a refletir se a ferramenta era condizente com o papel da comunicação, a finalidade editorial e a personalidade da Gazeta do Povo. Se contribuía efetivamente para a construção de um ambiente permanente de debate cordial e construtivo. Se nos colocávamos de forma amiga, respeitosa e inspiradora para fortalecer a educação brasileira. Se estávamos, de fato, cumprindo o propósito de dar poder às pessoas para compreender e transformar para melhor o seu ambiente. Se colocávamos, nesta ferramenta, a comunicação a serviço do desenvolvimento de nossa terra e nossa gente, como é missão deste veículo”, diz a publicação no posicionamento.
No texto que fala sobre o cancelamento da ação, publicado no domingo, 10, o veículo informa que em todas as suas áreas e temas de cobertura, busca visão mais propositiva. É informando, ainda que após a reflexão, os responsáveis pelo “Monitor da Doutrinação” concordam com as críticas contidas na nota do Sindicato dos Professores do Paraná, divulgada na sexta-feira,8, que pontuou que a ferramenta acabava por “ “incitar, na escola, o clima de denuncismo e perseguição”, embora o propósito do veículo não fosse este.
Ainda por meio do posicionamento, a publicação avalia que “uma sociedade é mais forte quanto mais sólidos forem os laços de confiança entre seus membros”. O jornal também fala sobre quebra de confiança, avaliada como algo “capaz de ferir mortalmente a democracia e a busca pelo bem comum” e, quando se trata de crianças e adolescentes que ainda não possuem maturidade para avaliar corretamente a postura de quem está diante de si para ensiná-los, o dano é amplificado.
“Entendemos, ainda, ser impossível que se prescinda totalmente de que se acredita. Nossos valores e visão de mundo são pano de fundo para nossos atos e manifestações. É algo inafastável da realidade humana. Naturalmente, vale também para docentes. Portanto, torna-se utópico querer que, em sala de aula, o professor apresente um conteúdo sem que isso seja influenciado por aquilo em que ele acredita”, diz a Gazeta do Povo.
Apesar de tirar o “Monitor da Doutrinação” do ar, a Gazeta do Povo declara que não concorda com situações de abuso, que têm se tornado muito frequentes. “Tanto com a manifestação recorrente de opiniões de caráter partidário quanto com a exposição de temas moralmente inadequados. Temos total certeza de que é possível identificar abusos e desvios. Cabe, portanto, ao jornalismo o trabalho de identificar e apurar essas situações”, declara o jornal.
Ao fim do texto, o jornal pede a compreensão daqueles que se sentiram atingidos pessoal ou profissionalmente pela ferramenta. “Também com a confiança daqueles que têm na Gazeta do Povo um jornal que traz olhar e valores únicos sobre as diversas áreas de cobertura. Seguimos em frente em nossa missão como veículo de comunicação, sempre abertos a reforçar a permanente reflexão sobre nosso papel sempre que os leitores e a sociedade assim desejarem”.
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