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Arie Halpern: blockchain e os cripto créditos de carbono

Uma nova proposta para usar a tecnologia blockchain no combate às mudanças climáticas acaba de ser lançada, em linha com as melhores práticas do ESG (Environmental, Social and Governance Corporate Responsibility). Ela consiste em comercializar créditos de carbono transformando-os em tokens criptográficos – o que poderíamos chamar de criptocarbono.

O objetivo é dar mais transparência a este mercado e melhorar a qualidade dos ativos usando a tecnologia, não apenas para dar mais segurança às transações, mas também para identificar, monitorar e avaliar os créditos gerados.

A iniciativa partiu do International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, em parceria com as empresas Aspiration, Cultivo e Chia. As duas primeiras são especializadas no desenvolvimento e financiamento de projetos ambientais e a Chia, uma empresa de tecnologia especializada no mercado de criptomoedas.

Juntos, lançaram o Carbon Opportunities Fund, um fundo para captar investimentos nos mercados voluntários de carbono e ampliar o acesso ao financiamento de projetos sustentáveis certificados por organismos internacionais.

Esta não é a primeira tentativa de usar o blockchain para tokenizar créditos de carbono, transformando-os em uma verdadeira commodity negociada globalmente. Algumas empresas de tecnologia financeira já surgiram no ano passado com ofertas para transformar compensações de carbono em tokens digitais usando blockchain.

Mas as investidas não tiveram sucesso, em grande parte pela dificuldade de garantir a qualidade dos créditos comercializados. Além disso, o crédito cumpre sua função quando é usado efetivamente para compensar emissões de gases de efeito estufa. Depois disso, é aposentado, ou seja, sai de circulação, deixa de existir. Mas nada garante que sua utilização será imediata: nas certificadoras, uma empresa pode comprar créditos para estocar e usar na compensação de futuras emissões. Já um investidor pode comprá-los e esperar que valorizem para então vendê-los.

Embora o blockchain garanta que o mesmo crédito não seja usado mais de uma vez, o fato de não poderem monitorá-lo até o uso final fez com que uma luz amarela acendesse nas certificadoras. Adicionalmente, ambientalistas criticaram o uso de blockchain por causa da grande quantidade de energia consumida no seu processamento.

Para garantir a qualidade, a confiabilidade e dar liquidez aos créditos negociados, os parceiros do Carbon Opportunities Fund desenvolveram um sistema que funciona de forma integrada aos registros de entidades que fazem a certificação e a contabilidade das compensações climáticas. Eles anunciaram ainda que as transações serão exclusivamente de créditos oriundos de sequestro de carbono por meio do plantio de árvores.

O principal argumento é o de que a transparência da plataforma, aliada à segurança do blockchain, atraia empresas e, especialmente, investidores, que, assim, ajudariam a valorizar os projetos ambientais por trás das compensações de emissões de gases de efeito estufa. Dessa forma, contribuem também para a democratização do mercado de crédito de carbono.

A compensação por meio de créditos de carbono gerados por terceiros é, para países e empresas, uma das principais alternativas para atingir a meta de zerar sua pegada de carbono e contribuir para limitar os efeitos do aquecimento global.

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