Rio de Janeiro-RJ 15/8/2016 – O pensamento investigativo filosófico, mesmo que fuja à compreensão, por mais absurdo que possa parecer, sempre será mais importante que o silêncio. Que o diga; Schliemann e a sua Troia, Einstein e o espaço-tempo, Higgs e a partícula elementar.
Certa vez me perguntaram qual era o objetivo maior da filosofia e assim respondi: Não é outro senão decifrar a incógnita da vida. Esse é o mar imenso, tenebroso e desconhecido por onde navega todos os filósofos. Muitos, diante da grandeza da investigação, partem em busca de outros princípios, mas sempre serão princípios universais.
Na verdade, quando nos debruçamos a refletir sobre a incógnita da vida, chegamos não raro à conclusão, de que ela, a vida, não tem ou faz qualquer sentido por mais que o procuramos; claro, dentro dos limites da razão que está dentro de nós, por isso, por não sermos ainda capazes de decifrar o sentido da vida, o segredo que a faz ser o que é e por que é; ela continua para a investigação filosófica, o objetivo último, muito embora nos venha à mente, a frase de Bernard-Henri Lévy; de que “a vida é uma causa perdida”.
Porém, nos impõe o instinto e a razão, que mesmo não alcançando qualquer conhecimento, entendimento e compreensão do que seja a vida e para qual objetivo se reserva, se ela é, é porque há um objetivo e talvez a resposta que buscamos para o enigma da vida, não esteja na vida, enquanto vida, mas no objetivo que ela encerra através da perpétua reprodução.
Bem, essa é uma questão filosófica e as questões filosóficas quando postas a exame, não raro, tendem à incompreensão. Todavia é dever do filósofo expressar seu pensamento, porque, muitas vezes, a ideia que a princípio parece não fazer sentido; pode ser sim, a pedra fundamental na busca e formação de evidências.
Contudo há filósofos que se sentem receosos em dar vida a pensamentos que julgam pouco claros ou que ultrapassam os limites da razão prática de que são prisioneiros, privando o mundo ou de seu estudo ou de seu desprezo. Esse é o caso de Wittgenstein e suas “Investigações Filosóficas”. Nessa obra, o filósofo austríaco coloca o sentido de seu livro, naquilo que somente pode ser claramente expresso e o que assim não for, diz; deve permanecer calado, no pensamento.
Desse modo, estabelece um limite ou censura ao próprio pensamento. Esse não é o modo como entendo devam ser tratadas as ideias filosóficas; aprisionando-as à própria origem, porque, se em determinada investigação ainda nos falta a clareza; expor o que nos falta de entendimento ao exame de outras mentes, deste ou de tempos futuros, quer me parecer o caminho correto a seguir, porque o pensamento que hoje soa incompreensível; pode deixar de sê-lo amanhã na sequência das investigações, por isso, calar-se, quando uma ideia não se mostra clara e precisa, quando nos foge à lógica, aquela criada, sustentada e justificada por nós, calar-se, é o mesmo que dar vida à imaginação e privá-la de viver.
O pensamento investigativo filosófico não deve jamais ser confinado no cárcere da mente, porque, mesmo que fuja à compreensão e por mais absurdo que possa parecer, sempre será mais importante que o silêncio, que o diga; Schliemann e a lendária Troia, Einstein e o espaço-tempo, Higgs e a sua partícula elementar.