É uma mudança relativamente simples, em minha opinião, porém, com amplo significado simbólico. O WhatsApp limitou o número de encaminhamentos de suas mensagens para até cinco destinatários. Até então, os usuários podiam encaminhar seus conteúdos para até 20 pessoas ou grupos. A mudança tem como objetivo auxiliar no combate às fake news, segundo o próprio WhatsApp. Mais de 1,5 bilhão de pessoas utilizam o aplicativo e usufruem de sua praticidade em todos os tipos de relações. Isso amplia o poder de alcance dos conteúdos que ali são compartilhados.
Assim, é interessante reconhecer a iniciativa. Entretanto, é preciso levar em consideração que aqueles engajados em disseminar fake news talvez não se sintam prejudicados ou limitados, pois basta um novo encaminhamento para que o conteúdo possa chegar a mais cinco pessoas ou grupos. Os limites tecnológicos impostos tendem a ser superados, de uma forma ou de outra, por quem tem má intenção. Aqueles que não originam notícias falsas, mas encaminham conteúdo duvidoso com a clara intenção de ampliar boatos, também se tornam parte de um retrocesso social. Consequentemente, enfraquecem as benesses da tecnologia.
O combate às fake news já obteve alguns avanços — e a redução dos encaminhamentos é o mais recente deles. Creio, contudo, que o principal progresso até agora tenha sido com relação à consciência que as pessoas adquiriram em duvidar de determinados conteúdos. O poder público e a imprensa também agem neste sentido, evidenciando o quão forte é a capacidade de influência que as fake news atingiram. Porém, nós, usuários do WhatsApp, já não somos tão suscetíveis ao que nos chega via aplicativo.
O período eleitoral pode ter fortalecido o nosso senso de desconfiança, pois a quantidade de conteúdos que posteriormente se mostraram falsos foi bastante grande. Entre os 1,5 bilhão de usuários também se encontram pessoas ingênuas. Pessoas que são extremamente passivas ao conteúdo que recebem e alheias a uma realidade de condutas de caráter duvidoso. Entre essas pessoas, as fake news proliferam de forma rápida, independentemente do número de encaminhamentos possíveis que o aplicativo possa impor.
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Por Alessandra Fedeski. Jornalista com especialização em marketing político.
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