Quem sonha em ser revisor de texto deve começar corrigindo os próprios erros. Sempre incomodado com os erros de, por exemplo, colocação pronominal, concordância, regência, grafia e pontuação, principalmente vírgula, que encontrava nos livros, jornais e revistas de que era leitor, eu já ficava de olho nos meus quando nem sonhava em ser revisor, corrigindo as cartas que escrevia para os amigos, os releases para uma festa que ajudei a fazer entre 1991 e 1992 e os textos para um fanzine que editei entre 1993 e 1995, apesar de, nos tempos de escola, não ter tirado boas notas em redação e interpretação de textos, principalmente aqueles que, pela linguagem de outro mundo e falta de clareza, só o próprio autor conseguia entender. E não sonhava mesmo, porque, se tivesse sonhado, teria feito uma faculdade, visto que parte dos interessados em disputar uma vaga nesta profissão já começa a ser eliminada no próprio anúncio de quem a oferece, que, independentemente de pedir que o candidato tenha experiência ou não, exige que ele tenha formação de nível superior, de preferência, em Letras, achando que quem concluiu só até o ensino médio ou cursou outras áreas não domina a gramática da própria língua. Incumbido de corrigir o teste dos candidatos a colega de profissão em uma das empresas em que trabalhei, eu achava graça quando via os recrutadores dando preferência a quem tivesse se formado em uma das faculdades mais bem avaliadas pelo mercado. Aliás, o multifacetado Millôr Fernandes, que brilhou como desenhista, humorista, dramaturgo, escritor, tradutor e jornalista, estava falando sério quando, em uma entrevista para a primeira edição da revista “Língua”, lançada em 2005, disse: “Tudo o que aprendi foi no primário. Depois de um primário sólido, você pode ser um autodidata.”. Com a experiência de quem, a pedido, só havia corrigido os comunicados dos colegas em uma empresa em que havia trabalhado como atendente de portaria, xérox, almoxarifado e arquivo entre 1985 e 1991 e lido os manuais de redação e estilo dos principais meios de comunicação do país, como “O Estado de S. Paulo”, “Folha de S.Paulo”, “O Globo”, “Zero Hora” e Editora Abril, em 1995, mandei um currículo para um escritório de tradução e legendagem de filmes que havia anunciado no jornal uma vaga de revisor de texto. Aprovado no teste, no qual tive a sorte de encontrar alguns exemplos tirados do “Manual da Falta de Estilo”, coletânea de textos do jornalista Josué Machado que eu havia acabado de ler, estreei na carreira de revisor, corrigindo legendas de tradução de filmes. Há mais de 20 anos sofrendo as penas deste abençoado ofício (como ser autodidata, ignorante, ter dúvida, mente traiçoeira, trabalhar com textos ininteligíveis, prazo curto, encarar fins de semana, feriados e madrugadas, ver o trabalho diminuir ou faltar e o pagamento atrasar), só não digo que tenho a profissão que pedi a Deus porque ultimamente a pouca quantidade de trabalho tem me obrigado a fazer alguns bicos para poder pagar minhas contas.
*Edson de Oliveira. Revisor de textos há mais de 20 anos, corrigindo principalmente legendas de vídeo, transcrição de áudio e textos jornalísticos, é editor dos blogues EFMérides e Blogue da Revisão.
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