São Paulo 24/3/2021 – Uso minha bagagem para treinar atletas mais jovens e arbitrar, mas sinto que ainda tenho gás para competir
A idade é um dos fatores mais cruciais nos esportes, o que determina a hora de mudar de categoria ou mesmo de se aposentar, principalmente em modalidades de competição e força. A idade para um atleta ser considerado veterano varia de acordo com cada esporte. Na natação, por exemplo, aos 25 anos já é hora de ingressar na categoria master, enquanto em fisiculturismo e musculação, a idade é 40 anos.
Segundo uma pesquisa publicada pela Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, o aumento da expectativa de vida da população tem contribuído para uma maior participação de pessoas acima de 35 anos em atividade física de caráter competitivo e não-competitivo. O resultado são atletas com mais longevidade e sede por medalhas.
Vem daí o sucesso de veteranos que seguem fazendo história no esporte mundial, caso de Lewis Hamilton, Rafael Nadal e LeBron James, que no ano passado ampliaram marcas expressivas acumuladas no automobilismo, no tênis e no basquete, respectivamente. Em comum, os três exercem atividades esportivas de altíssimo rendimento após os 35 anos.
Em 2020, a tenista norte-americana Serena Williams ganhou seu primeiro torneio na Nova Zelândia três anos depois do nascimento da filha, Olympia, aos 39 anos. Campeã de 23 mundiais, Serena diz não pensar em aposentadoria. “Acho que, um dia, vou acordar e dizer: ‘Acabou’. Mas ainda não sinto isso”, declarou.
Serena representa um grupo cada vez maior de mulheres que retornam em categorias master depois de um período sem competir. Uma das pioneiras na categoria feminina de luta de braço, a paulistana Cristina Bognar venceu o primeiro campeonato mundial em 1995, em Campinas, e desde então foi oito vezes campeã internacional no esporte. Casada, mãe de dois filhos e com três netos, ela se afastou dos campeonatos em 2011, sem nunca deixar de treinar. Agora, aos 57 anos, ela se prepara para retornar aos torneios internacionais de luta de braço. “Uso minha bagagem para treinar atletas mais jovens e arbitrar, mas sinto que ainda tenho gás para competir”, afirma. O retorno da atleta às competições tem sido celebrado pela nova geração de medalhistas brasileiras. “Ela fez história na luta de braço mundial e é uma referência para todas as mulheres no esporte. Com uma carreira tão vitoriosa, é inspirador saber que ela vai voltar às mesas para competir”, diz Gabriela Vasconcellos, atual campeã mundial na categoria sênior.
Um exemplo de longevidade, a história da norte-americana Florence “Flo” Filion Meile, 85 anos, mostra que nunca é tarde para se tornar uma atleta de elite. Recordista mundial em salto de vara, ela é a personagem principal do documentário “Body+ – Corpo Sem Limites”, do Olympic Channel, onde conta como conquistou mais de 700 medalhas no esporte que iniciou profissionalmente aos 60 anos. “Meu lema é: nunca é tarde demais. Acho que muitos pensam que a partir dos 65 anos, devem desacelerar um pouco, mas isso depende de cada indivíduo. Acho que mantendo seu corpo e mente ativos, você encara o mundo de uma forma diferente”, diz Flo, a atleta mais velha em atividade no esporte.
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