Cada vez mais, os audiolivros ganham espaço nas prateleiras dos leitores, ou melhor dos ouvintes-leitores. A recente pesquisa Conteúdo Digital do Setor Editorial Brasileiro mostrou que o conteúdo digital – e-books e audiolivros – já representa 6% do mercado editorial brasileiro.
Realizada pela Nielsen BookData e divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) a pesquisa mostra que, em 2022, nas assinaturas de livros digitais, bibliotecas virtuais e plataformas de livros, o áudio tem uma participação de 21%, e os cerca de R$ 113 milhões gerados tem a ver com os audiolivros.
De acordo com a pesquisa, do acervo digital medido desde 2019 e os lançamentos de 2022: 6% do acervo é áudio; já em 2022, 12% de toda a produção de livros digitais foi dedicada ao áudio. O faturamento total com conteúdo digital em 2022 alcançou um crescimento nominal de 35%, e nas vendas de livros em áudio chamadas à la carte, ou seja, a unidade inteira, 2% do volume de vendas de livros digitais diz respeito ao áudio. Dentro dessa fatia, 75% dos audiolivros vendidos são de não ficção.
Fabio Uehara, diretor editorial da Tocalivros, uma das principais plataformas de audiolivros do país, comenta sobre o aumento da produção de audiolivros e o interesse dos leitores em tornarem-se também áudio-ouvintes. “A leitura por audiolivros se torna uma forma cada vez mais relevante de conhecer seus livros favoritos. O mercado ainda está se preparando para atingir um público maior. Mas o que percebemos é que as editoras estão produzindo cada vez mais e nos procurando para fazer parcerias. A cada ano estamos produzimos cada vez mais títulos de acordo que a demanda vinda dos leitores e, a cada ano, estamos produzindo mais títulos, dos mais diferentes gêneros”, comenta Uehara, que já atua na Tocalivros com 112 editoras parceiras diretas e 877 parceiros no total.
A plataforma Tocalivros se tornou uma distribuidora e uma produtora exclusiva para produção de audiolivros. Hoje conta com mais de 50 mil e-books e 2,5 mil audiolivros, sendo 1200 audiolivros autorais (com sonorização, roteiro, efeitos especiais, narradores, trilhas sonoras exclusivas etc). Fabio Uehara afirma que a tendência é ampliar a participação do formato no mercado. “Estamos chegando no ponto que se as editoras não tiverem audiolivros de seus títulos elas ficaram para trás na história”.
Na Tocalivros, são 60 narradores e uma equipe de 40 pessoas, entre pré-produção, produção, edição e foley, compositores, produção artística, e uma equipe de conteúdo que envolve produtores, jornalistas, linguistas, roteiristas e músicos.
Dez anos no mercado editorial
Junto com a pesquisa, a Tocalivros também trouxe a público suas estratégias que a faz ser a maior produtora e plataforma de audiolivros do Brasil. Em 2022, a empresa aumentou sua base de clientes em aproximadamente 200 mil usuários, representando cerca de 60% dos novos cadastros. A produção de audiolivros exclusivos e diferenciados tornou-se uma nova experiência em audiolivros para os leitores, aprimorando a experiência da literatura por áudio. Junto a isso sua comercialização como Serviços de Valor Agregado (SVA) para provedores de internet permitiu que alcançassem um público muito mais amplo.
“Hoje é possível escutar um áudio de forma totalmente imersiva e muito diferente do que estávamos acostumados, só com a leitura de conteúdo. Aqui fazemos um trabalho de produção artística, criamos roteiros, trilhas sonoras exclusivas, ambientamos os cenários em áudio e nas interpretações e sonorizamos com exclusividade os materiais. É uma maneira inovadora e que os ouvintes entram nas histórias e nas narrativas sem perder o conteúdo, mas tendo uma nova forma de estar na história”, comenta Clayton Heringer, produtor artístico da Tocalivros,
Heringer é responsável, por produções e ambientações de projetos em audiolivros de obras como “A metamorfose” (Franz Kafka),”13 Histórias sombrias de Edgar Allan Poe” (Edgar Allan Poe), “Crime e Castigo” (Fiódor Dostoiévski), “Água Viva” (Clarisse Lispector), “John Silence: Casos Psíquicos do Doutor Extraordinário” (Algernon Blackwood), “Lendas dos Mythos de Cthulhu” (H. P. Lovecraft), “Tu não te moves de ti” (Hilda Hilst), entre outros.
A pesquisa também apontou que as livrarias exclusivamente virtuais se tornaram o canal com maior participação no faturamento das editoras, tendo alcançado 35,2% em 2022, superando pela primeira vez as livrarias físicas.