O experiente jornalista Helvídio Mattos foi desligado nesta quarta-feira, 29 de novembro, da ESPN Brasil. O profissional é um exímio produtor, repórter investigativo com vários prêmios no currículo e um dos poucos bons contadores de história na TV.
Helvídio Mattos estava no ar com uma série especial de dois episódios chamada “11 Corações, Recomeçando a Viver”. Produção que falava da memória de alguns parentes das vítimas da tragédia da Chapecoense.
Além disso, Helvídio Mattos trabalha na área de esportes desde os anos 1970. Estava na ESPN Brasil desde 1996 – 21 anos de emissora. Na casa, ele era coordenador de especiais. Antes, o jornalista teve passagem marcante pela TV Cultura, com os programas ‘Vitória’ e ‘Grandes Momentos do Esporte’.
Cinco outros funcionários também deixaram a ESPN Brasil nesta semana. Os dispensados foram Cris Freitas, Denise Elias, Edson Leal, Gabriela Ventura e Reginaldo Davi.
Ao saber da dispensa de Helvídio Mattos, o jornalista José Trajano usou o seu perfil no Facebook para tecer fortes críticas à atual direção da ESPN Brasil. O profissional, por sinal, foi o fundador da emissora e seu principal executivo por décadas.
A derrota do jornalismo esportivo!
José Trajano
Helvidio Mattos, exemplo de repórter, foi demitido da ESPN, assim como haviam sido Roberto Salim e Lucio de Castro, outros grandes. A desculpa de que a ordem veio de longe, lá dos States, é cruel e desalentadora. E coloca no ar a pergunta, o que realmente esses caras querem? Foram anos de luta incessante, muita garra, enfrentamento, suor e criatividade.
Era uma equipe pra valer, que não tinha medo de nada. Verdadeiramente, era uma equipe. Encarava o que tivesse pela frente. E Helvidio, como o Salim e tantos outros destemidos, seguiam sempre na dianteira. A demissão do Helvidio encerra um ciclo que vinha se fechando havia um tempo, com o pontapé na bunda dado em vários companheiros. Eu fui nessa leva. Estou triste e arrasado. Fundei o canal e vejo que o que plantamos está sendo destruído. A saída de Helvidio Mattos é um tapa na cara do verdadeiro jornalismo esportivo.
Há outros companheiros que foram mandados embora. Peguei o querido Helvidio como exemplo. Um velho repórter merece ser e ele faz jus. Há gente muito boa ainda por lá, que certamente deve estar profundamente incomodada com a situação. As demissões não levam em conta o talento, o caráter, o comprometimento. Aos poucos, com frieza absurda, os manda-chuvas atuais – colocados lá por nós – vão cumprindo ordens.
Não enfrentam, não colocam suas cabeças em troca, como era comum nas redações de antigamente. Estão chateados sim, porém mais preocupados com o bônus de Natal e com a marca do carro que é trocado a cada dois anos. Enfim, perdemos mais essa. Mas como disse meu Mestre Darcy e que Juca Kfouri usou em recente livro: ‘detestaria estar no lugar de quem me venceu.’ A ESPN não acabou, nem vai acabar. O que acabou foi a nossa turma, a que ergueu aquilo lá.
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