Uma das coisas mais legais que existem nessa vida de professora de jornalismo é isso: acompanhar de perto repórteres em construção.
Primeiro dia de aula do curso de jornalismo e lá estão eles, com os olhos vidrados em cada palavra sua sobre a natureza social da profissão. Enquanto outros bocejam, e só se empolgam quando pensam na chance de brindar com famosos e dar autógrafos, num suposto glamour que envolve a área, eles falam sobre a vontade de mudar as coisas erradas que veem, sobre as injustiças que os deixam indignados, sobre como podem usar o jornalismo para melhorar a vida das pessoas.
Abraçam cada oportunidade de contato com profissionais do mercado, cada conversa com a qual possam obter experiência. Agarram todas as chances oferecidas pelos professores de terem seu texto corrigido, de terem sua matéria publicada.
Começam sim com erros e equívocos comuns dos iniciantes, mas têm a humildade necessária para aceitar as correções.
Emocionam-se com grandes reportagens que mudaram a história. Vibram com livros e filmes que tratam do poder da profissão. Participam de debates calorosos nas aulas. Defendem suas ideias, exaltam-se por elas.
E, de repente, lá pelo terceiro, quarto ano do curso, como num passe de mágica, vemos aqueles alunos produzindo reportagens maravilhosas que nós mesmos não sabemos se seríamos capazes de fazê-lo. E nos emocionamos ao perceber que aquele texto que ajudou a denunciar uma situação injusta, ou que contribuiu para ampliar a voz de uma pessoa esquecida, é dele, do seu aluno. Sim, aquele texto que foi compartilhado centenas de vezes nas redes sociais, que foi inclusive citado como exemplo por outros jornalistas com dezenas de anos de carreira. E aí, meu amigo, não há como não dizer emocionado: QUE ORGULHO! TEM UM TIJOLINHO MEU NESTA CONSTRUÇÃO.
O mérito é todo deles, é claro, mas a gente fica orgulhoso, pensando no pouquinho que você e outros colegas professores puderam colaborar naquela carreira maravilhosa que começa a despontar.
Na semana passada, por exemplo, fiquei muito feliz ao me deparar com um projeto de alguns alunos. Eles lançaram página na internet voltada a destacar histórias de brasileiros comuns, comumente ignorados, a “Em cada canto”. Li o texto da Sarah Furtado, da Ana Rodrigues e do Wallace Leray e enxerguei um pouco ali de algumas coisas que me lembro de ter falado em sala de aula. Lembrei das leituras que fizemos das reportagens de Eliane Brum e tudo que conversamos sobre a importância de um jornalismo humanista.
Me emociono quase que diariamente com os trabalhos de outros alunos queridos, que passaram por toda sorte de dificuldade na vida e hoje brilham no jornalismo. É o caso do Kaique Dalapola, que produziu série de reportagens importantíssima na Ponte Jornalismo, conseguindo provar a inocência do ambulante Wilson Alberto Rosa, que foi detido injustamente no sinal de trânsito da Avenida República do Líbano com Avenida Ibirapuera, acusado de ter roubado um celular e um tablet em 2016. É o caso também da querida Beatriz Sanz que vem produzindo uma matéria mais linda que a outra no El País, como a reportagem que fez com mulheres negras que brilham na nossa Ciência.
Eu fico boquiaberta, flutuo de tanta felicidade. Lembro do primeiro dia de aula desses alunos, das dificuldades que enfrentaram, do quanto cresceram no decorrer dos semestres.
Uma das coisas mais legais que existem nessa vida de professora de jornalismo é isso: acompanhar de perto repórteres em construção. E nesse momento vejo centenas de excelentes repórteres nascendo. Dá pra ter sim esperança no jornalismo. Dá pra acreditar sim no futuro desta fundamental profissão.
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