As gerações Z e Alpha são foco do estudo Binóculos, realizado pela Discovery Insights Group em parceria com o Discovery Kids. Em sua segunda edição, o levantamento foi desenvolvido com intuito de entender o universo das crianças que nasceram a partir de 2010, suas demandas e as transformações.
Pautado por aspectos comportamentais, o conteúdo compila resultados de questionários qualitativos e quantitativos, apresentados em cinco grandes áreas – consumo de conteúdo e diversão, família, aprendizado, influência e experiência – com suas respectivas tendências. Além disso, o conteúdo é baseado em dados obtidos pelos institutos Around e a pesquisa “Atributos do Canal Ideal”; La Madrid e a “Kidditos & Kiddo’s América Latina”; e pela Let’s Play Consultoria, com seu relatório “Crianças Geração Z e Alpha”.
“A análise dos dados aponta que os modelos de conduta escolhidos pelas crianças se multiplicaram na esteira da diversidade, novas dinâmicas familiares orientadas pela lógica do acordo entre pais e filhos, a televisão como tela que desencadeia o envolvimento com o conteúdo e seus personagens, e o desenvolvimento de capacidades e habilidades individuais, bem o estímulo à prática da cidadania como atributos valorizados pelos pais na educação infantil”, declara a Discovery.
Na área das dinâmicas familiares, Binóculos apontou novas formas de negociação entre pais e filhos, “uma consequência de crianças informadas e de pais que valorizam a liberdade de escolha e autonomia de seus pequenos”, dizem os criadores do material. Foi revelado que a lógica do “não”, dominante na década de 1980; a da “culpa”, típica da década de 1990; e a do “contrato”, própria dos anos 2000; deram lugar ao acordo, em uma relação de razoabilidade entre adultos e seus filhos.
O estudo mostra que perguntas como “por que você precisa disso?” fazem parte de decisões de compra tomadas em conjunto. Para as marcas, o diálogo constante entre as gerações e a decisão de compra compartilhada significam que a comunicação deve trazer atrativos para pais e filhos.
Quando o assunto é aprendizado, Binóculos detectou que os pais querem que seus filhos sejam pessoas melhores, confiando na escola e no conteúdo como aliados. Para eles, o desenvolvimento das diferentes capacidades e habilidades individuais é primordial e vai além de valores educativos genéricos.
“Marcas e conteúdos que apostam no desenvolvimento dos mais diversos talentos e no aprofundamento dos conhecimentos e das práticas cidadãs, como a consciência ambiental e social, ganham relevância nesse contexto”, declaram os responsáveis pela estudo.
Comparando dados colhidos na primeira edição do estudo, é destacada a crescente relevância do desenvolvimento infantil para os pais. Em 2015, 77% dos pais afirmaram que canal infantil deve passar valores educativos; este mesmo atributo foi mencionado por 65% dos pais em 2016. Além disso, 52% dos pais disseram, em 2016, que o canal infantil deve auxiliar no desenvolvimento e crescimento pessoal dos filhos – incremento de 13% em relação a 2015. 33% disseram, em 2016, achar importante que o canal estimule a consciência ambiental e social nas crianças – 18% a mais que no ano anterior.
Os modelos nos quais as crianças Z e Alpha se inspiram também apresentam mudanças: as referências de liderança foram ampliadas e estão associadas à ideia de proximidade. Os estereótipos dão lugar à diversidade e os ídolos são vistos como pessoas reais que desenvolveram seus próprios talentos, o que se aplica tanto às referências externas ao círculo familiar, quanto aos próprios pais.
Muitas crianças têm aderido ao estilo geek e se inspirado em youtubers que superam padrões. Os pais seguem como ídolos, porém sob a mesma perspectiva de proximidade, compreensão e carinho – 83% deles se consideram parte do grupo de melhores amigos de seus filhos. Também se destaca o empoderamento feminino como importante influência: 58% das crianças afirmam que a beleza de uma menina está na atitude.
A principal tendência detectada por Binóculos quando o assunto é consumo de conteúdo, é o modelo expandido da TV e a complementariedade das experiências nas diferentes telas e ambientes. A partir do conteúdo televisivo, independentemente da tela em que seja acessado, as experiências se ramificam em diferentes plataformas: os personagens de animações e séries motivam buscas online e se convertem em pauta nas escolas e redes sociais. Produtos licenciados e eventos nos quais as crianças possam interagir com esses personagens completam o percurso.
Por fim, na área da diversão, a tendência é a mistura de atividades tecnológicas e analógicas. Volta a crescer a preferência das crianças por atividades como as brincadeiras de rua e os esportes. Andar de bicicleta, que já foi uma das atividades mais praticadas pelas crianças em 2007 (75%) teve queda em 2012 (37%) e volta a crescer em 2017 com 68% das crianças de 6-11 afirmando que praticam esta atividade.
O índice de crianças com acesso à internet superou, em 2016, os 90% na faixa etária compreendida entre 6 e 11 anos. No contexto de mobilidade e conectividade, o celular se revela como central de atividades, concentrando opções como músicas, fotos e games. A maioria absoluta das crianças tem acesso ao celular (83%) e metade dessas tem o próprio aparelho.
Apesar de todas as mudanças, os pesquisadores se mostram surpresos com o fato da tela da TV seguir como a principal na hora de acessar conteúdos no formato televisivo para 91% das crianças, seguida por computador (10%), tablet (9%) e celular (8%).
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