Natal! Basta uma rápida busca no Google ou acompanhar telejornais por questões de minutos para se ter noção de que, ano após ano, o tema rende assuntos para as mais variadas reportagens. Do aquecimento na economia ao trabalho voluntário de alguns. Do horário de funcionamento dos shoppings à rotina dos senhores que dão vida ao Papai Noel para ganhar um dinheiro extra. Além desses e outros assuntos trabalhados na imprensa, o período natalino de 2018 coloca jornalistas brasileiros em pauta. No mês de dezembro, centenas de comunicadores se viram vítimas de calotes. Em vez de pensar em matérias sobre a época, há quem precise lidar com as recentes demissões. Para uma parcela de quem chega ao fim do ano empregado, uma surpresa ingrata: convívio com atrasos salariais.
Palavra presente em determinados conteúdos relativos ao mercado financeiro e econômico, o calote apareceu em dose dupla na imprensa brasileira neste fim de ano. Quatro meses após o Grupo Abril entrar com processo de recuperação judicial, Giancarlo e Victor Civita Neto acertaram a venda da empresa a Fabio Carvalho. Se a venda for concretizada, os irmãos deixarão o negócio sendo responsáveis por calotes em bancos, fornecedores e… mais de 800 funcionários demitidos no início de agosto (dias antes de a companhia recorrer à Justiça para tentar escapar da falência). Entre as pessoas vítimas da má gestão da Abril estão ex-diretores, profissionais de áreas administrativas e jornalistas. Parte desses demitidos conta seus dramas em canal no YouTube.
Deixar jornalistas e outros profissionais em situação financeira complicada em pleno Natal não foi exclusividade da família Civita. No dia 20, a editora responsável pelos jornais O Dia e Meia Hora anunciou troca na presidência, com Marcos Salles dando lugar a Daniel Penalva. Enquanto o blogueiro Leo Dias foi correndo para o Twitter elogiar a gestão de Salles, ex-colaboradores da casa sofrem com calotes. É o caso de Rosayne Macedo, que tem de enfrentar problemas junto à Receita Federal por causa da empresa de comunicação carioca. “Não, pessoal, não é por causa do iate que omiti na minha declaração que caí na malha fina. O problema foram as inconsistências na declaração de rendimentos fornecida pelo jornal O Dia. Declararam valores superiores de imposto retido na fonte e de contribuição previdenciária”, publicou a jornalista em seu perfil no Facebook.
“Não recebi a restituição esperada, que seria de grande ajuda diante da situação crítica que a empresa nos criou. Para quem não sabe, o jornal decretou recuperação judicial em janeiro, deixando de pagar assim quase R$ 11 milhões a colaboradores (da ativa e dispensados) – aí incluídas as 16 parcelas às quais eu teria direito no acordo que fiz direto com a empresa. Aliás, surrupiaram também o nosso FGTS – a empresa recolhia na folha de pagamento, mas não depositava. Com isso, só havia uma miséria lá disponível para saque. Não bastassem todos os transtornos já gerados até aqui – e a incerteza em relação à possibilidade futura de receber ao menos parte do que me devem – ainda tenho que passar por isso às vésperas do Natal… É de lascar, né não?!”, desabafou a jornalista Rosayne Macedo em postagem divulgada em 13 de dezembro.
Abril e O Dia em processo de recuperação judicial e dando calotes em jornalistas. Para evitar situação similar e honrar seus compromissos, outros dois grupos de mídia realizaram planos de demissões voluntárias. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) anunciou que a ação, que em 2018 teve sua segunda edição, contou com 257 adesões. A direção da empresa pública chegou a enfatizar que, com os cortes de postos de trabalho, R$ 426 milhões serão economizados na folha salarial. O PDV também chegou à iniciativa privada às vésperas do Natal. O boletim Jornalistas&Cia informa que o Diário do Comércio, Indústria e Serviços (DCI) se utilizou do mesmo recurso. Resultado? Redação cortada mais do que pela metade: dos 23 contratados, apenas 11 seguem na publicação. Na lista das demissões voluntárias está até o nome de Roberto Lira, que era diretor de redação.
O agora ex-diretor de redação do DCI não foi o único a comunicador-gestor a ser dispensado neste mês. Maior conglomerado de comunicação do país, o Grupo Globo cortou de sua lista de funcionários três executivos. Diretora do núcleo impresso (O Globo, Época e Extra), Ruth de Aquino deixou a empresa no início de dezembro. Em textão no Facebook, a jornalista afirmou que a sua saída do posto de liderança já tinha sido acertada de forma prévia. Conforme relata, o acerto fora amarrado exatamente no momento em que assumiu como diretora editorial, em janeiro de 2018. Sem receios, porém, ela garantiu: foi dispensada. “Não pedi demissão, fui demitida”. Na companhia, os cortes atingiram líderes das mídias radiofônica e televisiva. Diretor-geral do Sistema Globo de Rádio (Globo e CBN), Marcelo Soares deixou a empresa com mais de 20 colaboradores que também engrossaram as listas de demissões na imprensa.
Na parte de televisão, dois comunicadores-gestores deixaram o Grupo Globo. Ambos ligados ao núcleo de jornalismo esportivo. Raul Costa Júnior, que por muito tempo foi diretor de redação do SporTV e estava cuidando de eventos, foi demitido na primeira semana de dezembro. Mario Jorge Guimarães, que cuidava do futebol na praça Rio de Janeiro, foi outro executivo dispensado pela empresa da família Marinho. As demissões, contudo, não pararam nos cargos de liderança. A crônica esportiva do conglomerado registrou duas baixas no time de comentaristas. Paulo César Vasconcellos deixou a emissora após 13 anos de parceria. Ele ganhou homenagem de Galvão Bueno e, segundo informações, pode voltar ao veículo como PJ após “meses sabáticos”. Especializado em automobilismo, Lito Cavalcanti também tinha mais de uma década de trabalhos prestados ao SporTV. Tinha, pois chega ao fim de 2018 sem vínculo com a empresa.
Enquanto o Grupo Globo demite, uma de suas parceiras faz com que funcionários passem a lidar com atrasos salariais. Afiliada da TV Globo em seis dos sete estados do Norte do país — conforme registros do mailing jornalístico do Workr, solução de comunicação corporativa desenvolvida pelo Comunique-se –, a Rede Amazônica não pagou no dia correto os salários e benefícios relativos ao meses de outubro e novembro. Em dezembro, a história se repete. É o que afirmam colaboradores ouvidos pela reportagem do Portal Comunique-se. “Tem gente que não recebeu o décimo terceiro”, reclama um profissional que pede para não ter o nome divulgado. “A empresa mudou muito desde a morte do Phelippe Daou”, confidencia outro, que cita o nome do empresário falecido em 2016, deixando o comando do negócio para o filho, Daou Júnior.
Enquanto no Norte profissionais temem até falar em público, no Sudeste um caso de atrasos salariais culminou em greve. Isso porque os donos do jornal Estado de Minas não pagaram os salários de novembro aos profissionais da administração. Após o movimento grevista, tal reivindicação foi atendida (em partes), conforme denuncia o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. “Nenhum trabalhador — nem jornalistas, nem gráficos, nem pessoal administrativo — recebeu a segunda parcela do 13º”, garante a entidade. O prazo legal para o pagamento do benefício era 20 de dezembro. “A folha salarial de janeiro está sendo feita com descontos, segundo informações obtidas pelos sindicatos”, acusa a instituição jornalística, reforçando, assim, a ideia de que graças ao comando do Estado de Minas e de outras empresas de mídia, centenas de profissionais da comunicação não terão boas festas no fim de 2018.
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