Um relatório divulgado na última semana colocou o Brasil como oitavo país do mundo em que mais jornalistas foram mortos em 2018. Segundo a Press Emblem Campaign (PEC), quatro comunicadores foram assassinados no país ao decorrer do anos. Ao todo, 113 jornalistas foram mortos ao longo dos últimos 12 meses em todo o mundo.
O Brasil empata com as Filipinas, ficando atrás de Paquistão (5 mortes), Estados Unidos (6), Iêmen (8), Índia (8) e Síria (11). O país também está atrás dos líderes do quesito jornalistas assassinados em 2018: Afeganistão e México, cada um com 17 mortes.
O total de mortes é 14% maior que em 2017, quando a organização registrou 99 casos. O relatório deste ano interrompe uma trajetória de queda que vinha desde 2015. A América Latina e a Ásia concentram um terço dos casos cada uma, e o Oriente Médio teve cerca de 20% das mortes.
Com estes casos, o Brasil contabiliza 22 mortes de 2014 a 2018. O número faz com que o país volte a aparecer entre os dez com mais jornalistas assassinados no mundo nos últimos 5 anos. Síria (64), México (61), Afeganistão (48) e Iraque (46) são os quatro primeiros no período.
Dentre os quatro casos registrados pela PEC, dois foram investigados pela Abraji por meio do Programa Tim Lopes: Jefferson Pureza, morto em Edealina (GO) em janeiro, e Jairo de Sousa, assassinado em Bragança (PA) em junho. As outras duas mortes foram Ueliton Brizon, assassinado em Cacoal (RO) em janeiro; e Marlon Carvalho, morto em Riachão do Jacuípe (BA) em agosto.
Em outubro, o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) colocou o Brasil como 10º pior país do mundo em impunidade de crimes contra jornalistas. Foi a nona aparição (oitava seguida) do Brasil no ranking, que é publicado desde 2008. Em 11 edições do levantamento, o país ficou de fora somente em três oportunidades.
No Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), uma tentativa de abordar o problema tramita há mais de seis meses. A proposta recomenda que o Ministério Público dê prioridade à tramitação de procedimentos de investigação nos crimes contra jornalistas. O projeto está sob vista do conselheiro Marcelo Weitzel desde 28 de agosto. Por ora, não há previsão para a discussão ser retomada.
Desde setembro deste ano, o Ministério dos Direitos Humanos (MDH) passou a incluir comunicadores em seu Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PPDDH). Desta forma, comunicadores que sofram ameaças ou tenham sido alvo de ataques não fatais podem acionar o Disque 100 e apresentar o caso ao MDH.
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Por Rafael Oliveira.
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