O jornalismo brasileiro acaba de perder um experiente e premiado representante. Colunista e conselheiro editorial da Folha de S. Paulo, Clóvis Rossi morreu na madrugada desta sexta-feira, 14, na capital paulista. Ele estava em casa, recuperando-se de um infarto sofrido na última semana, conforme divulgado pelo jornal em que trabalhava. Aos 76 anos, deixa a mulher, com quem estava junto há mais de 50 anos, três filhos e três netos. Reconhecido pelo público e por seus pares da imprensa, era um “Mestre do Jornalismo” devido às vitórias conquistadas no Prêmio Comunique-se.
Ao informar o falecimento do premiado profissional, a equipe da Folha destacou o fato de Clóvis Rossi ser o decano da redação. Ele trabalhava para o veículo de mídia desde 1980. Para o impresso, atuou como repórter e chegou a ser correspondente internacional. Trabalhou em Buenos Aires (Argentina) e Madri (Espanha). Nos últimos anos, integrava o time de colunistas da publicação. Até sofrer infarto, escrevia novos textos seis vezes por semana — o jornal paulistano só não tinha artigos dele aos sábados. Com sua bagagem na cobertura dos bastidores do poder, analisa especialmente questões internacionais e da política nacional.
Justamente a editoria política lhe rendeu o título de “Mestre do Jornalismo” do Prêmio Comunique-se. Ele venceu a categoria ‘Nacional – Mídia Escrita’ em cinco oportunidades: 2004, 2006, 2009, 2011 e 2013. Foi, inclusive, o primeiro vencedor da categoria, que quando criada se chamava ‘Jornalista de Política’. Além do “Oscar do Jornalismo Brasileiro”, Clóvis Rossi foi contemplado com outros troféus ao longo de sua carreira, tendo até destaques internacionais. Entre outros, ganhou o Maria Moors Cabot, promovido pela Universidade de Columbia. Também conquistou o evento organizado pela Fundação para um Novo Jornalismo Iberoamericano.
Antes de chegar à Folha de S. Paulo e manter com ela parceria profissional por longos 29 anos, Clóvis Rossi passou por outros veículos de comunicação. Formado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo, iniciou a sua trajetória na imprensa em 1963. Foi funcionário dos diários Correio da Manhã, Estadão (onde chegou a ser editor-chefe), Jornal do Brasil e Jornal da República. Em revista, trabalhou para a IstoÉ e para a AutoEsporte, demonstrando que seu talento ia para além da editoria sobre política. Em tempos de internet, já contratado da Folha, o “Mestre do Jornalismo” do Prêmio Comunique-se chegou a ser blogueiro da versão em espanhol do El País.
Seus trabalhos, porém, não se resumiram à imprensa hard news. O mercado editorial também contou com a sua escrita. Teve dois livros publicados. O primeiro foi comercializado pela Brasiliense em 1980. O título do conteúdo assinado por Clóvis Rossi é auto explicativo: afinal, explica ao leitor O que é o Jornalismo. A segunda obra, de 1999, é uma espécie de autobiografia. Em Enviado Especial – 25 anos ao Redor do Mundo (Editora Senac), ele relata suas principais experiências jornalísticas fora do Brasil. Tudo isso fez com que o profissional fosse o grande homenageado na edição de 2015 do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.
Clóvis Rossi desempenhou sua função de colunista da Folha de S. Paulo normalmente até a última sexta-feira, 7. Em meio à recuperação do infarto sofrido na última semana e à recuperação no Hospital Albert Einstein, o jornalista escreveu aquele que foi o seu último texto. Em “Boletim Médico”, ele fala sobre a ausência de novos artigos. Era, conforme brincou, “uma satisfação devida ao leitor, se é que há algum”. Leitores que, sim, existiam, mas que faltaram com a verdade, segundo a descontração característica do colunista. “Até mentiram dizendo que estavam sentindo a minha falta”, escreveu.
Estações de rádio, emissoras de TV, sites e edições online de jornais destacam a morte de Clóvis Rossi na manhã desta sexta-feira. Pelas redes sociais, colegas da imprensa e o público em geral lamentaram a perda para a imprensa brasileira. “O mais brilhante e a maior referência de todos os repórteres”, escreveu Leandro Colon, diretor da sucursal da Folha de S. Paulo em Brasília. “Em meu nome e de uma geração de jornalistas brasileiros que também aprenderam com este mestre e conviveram com um gentleman, expresso minhas condolências e tristeza. Clóvis foi mentor e amigo”, publicou Caio Blinder, do programa ‘Manhattan Connection’, da GloboNews.
Leitores, familiares e amigos têm a chance de se despedirem de Clóvis Rossi. O corpo do “Mestre do Jornalismo” do Prêmio Comunique-se será velado no Cemitério Gethsêmani, no bairro paulistano do Morumbi, a partir das 15h desta sexta. O enterro está marcado para às 11h de sábado, 15.
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