A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) divulgou que foram realizados 2.365 transplantes de fígado no país em 2023, de acordo com dados apresentados em um relatório do Registro Brasileiro de Transplantes, vinculado à entidade. O resultado é um recorde para a doação deste tipo de órgão no Brasil, representando cerca de 10,57% das doações realizadas desde o início da série histórica, em 2013.
A maior parte dos fígados doados, 2.188 no total, vieram de doadores mortos, enquanto 177 foram transplantados de doadores vivos. Ainda que o número de transplantes tenha sido o maior nos últimos anos, ele representa somente 46,58% da necessidade estimada pela associação. Em 2023, cerca de 5.077 pessoas estavam à espera de doação de fígado no país.
As doenças hepáticas, que prejudicam a saúde e o funcionamento do fígado, como cirrose, hepatite e câncer, geram em torno de R$ 300 milhões de gastos por ano em tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Deste valor, cerca de 70% é destinado para realização de transplantes do órgão, de acordo com pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Dr. Rafael Garcia é reconhecido como o cirurgião responsável por consolidar o transplante de fígado no Pará, sendo um dos pioneiros na cirurgia. Ele é Vice-Presidente Norte do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva e Representante da Região Norte no Colégio Brasileiro de Cirurgia Hepato-Pancreato-Biliar.
O cirurgião Rafael Garcia explica que o transplante de fígado é um dos procedimentos mais complexos da medicina. “Envolve retirar o fígado doente e implantar o novo fígado, que pode ser de um doador falecido ou vivo, quando parte do órgão é retirada de uma pessoa e implantada no paciente””, diz.
O médico afirma que os pontos mais delicados deste tipo de operação são a retirada do fígado doente, pelo risco elevado de sangramentos, e a reperfusão, que é quando começa a circular sangue no novo fígado. “Esses são os momentos mais críticos da cirurgia.”
Dados mundiais
Em 2022, dados do Global Observatory of Donation and Transplantation apontaram que foram realizados 37.436 transplantes de fígado em todo o mundo, o que representa um crescimento de 8% de transplantes em relação a 2021.
Dr. Rafael Garcia ressalta que, nos últimos 20 anos, o transplante de fígado se tornou um procedimento mais seguro e frequente.“Avanços das técnicas anestésicas e cirúrgicas possibilitaram procedimentos seguros, rápidos, com riscos minimizados por diversos protocolos e excelente recuperação para a maioria dos pacientes. Os resultados são semelhantes aos obtidos em grandes centros internacionais”.
O médico destaca a importância do transplante de fígado, que possibilita devolver a vida com qualidade a pacientes graves, com alto risco de falecer. “A doação de órgãos é um dos atos mais altruístas que podemos ter e apenas a família pode autorizar. Se você for doador, fale com sua família”, reforça Dr. Rafael Garcia.
De acordo com o Ministério da Saúde, o transplante de órgãos cresceu 17% no Brasil em 2023. Foram 6.766 transplantes realizados ano passado, em comparação aos 6.055 transplantes ocorridos em 2022.
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