O jornalista Caco Barcellos e os colegas de trabalho Caio Cavechini e Guilherme Belarmino conversaram com estudantes de jornalismo na última semana. O encontro aconteceu durante o 11° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo. Embora o tema do painel fosse os 10 anos do programa ‘Profissão Repórter’, Caco aproveitou a oportunidade para aconselhar os novos profissionais e alertou sobre os prejuízos do jornalismo declaratório. “Não atuem como porta-vozes de autoridades”, pediu.
Para o profissional da Globo, em um mundo onde o jornalismo declaratório e opinativo é tão presente, a ausência de opinião é fundamental para o trabalho de reportagem. “No ‘Profissão Repórter’, conversamos com as autoridades e pedimos para que contem o seu lado da história, mas nem todos falam ou respondem aos nossos pedidos. O que estamos fazendo é não servir como ‘porta-voz’ dessas autoridades. Ou elas falam diretamente com a reportagem, ou vamos dizer que não quiseram se pronunciar”, revelou o jornalista.
Outra dica de Caco é que os novatos não alimentem preconceitos. A título de exemplo, ele usou casos de assassinatos. “Quando um jovem da periferia é morto, os jornalistas fazem a notícia e dizem que a pessoa não tinha passagem pela polícia. Eu fico me perguntando o motivo de o repórter ter dado essa informação, ter buscado por ela. Se fosse um médico assassinado, o mesmo jornalista não iria buscar os antecedentes criminais da vítima. Concordam que a maneira como a notícia é feita pode alimentar e ressaltar preconceitos?”, questionou.
Além dos conselhos, a equipe do ‘Profissão Repórter’ apresentou algumas matérias marcantes ao longo da trajetória da atração, que já produziu cerca de 250 programas semanalmente exibidos pela TV Globo. Caco comenta que os princípios que criaram a exibição resistem e que a equipe procura ir aonde as outras mídias não vão, onde a imprensa é ausente. “O que mais caracteriza o ‘Profissão Repórter’ é a coisa mais antiga no jornalismo, que é estar perto dos acontecimentos. Infelizmente, isso está sendo abandonado, mesmo sendo tão básico”, ressaltou o apresentador.
Cavechini, jornalista mais antigo do programa, foi elogiado por Caco e classificado como a “síntese de profissional pensado para a atração”. Sobre o formato do jornalístico, Cavechini falou sobre os benefícios de usar microfone de lapela – que ajuda a naturalizar a reportagem e deixa a fonte mais à vontade – e pediu para que os estudantes não se esqueçam de cobrir as pequenas histórias. “Isso vem muito do que o Caco nos ensinou. Sabemos que o jornalismo não é feito só de grandes histórias”.
Durante o Congresso de Jornalismo Investigativo da Abraji, o jornalista Caco Barcellos recebeu o público para sessão de autógrafos do livro Grandes aventura, Grande coberturas: Profissão Repórter 10 anos, que estava disponível para venda no local. A obra apresenta relato dos jornalistas que fizeram vinte das melhores reportagens exibidas pela atração. Além dos textos exclusivos, parte da tiragem do livro traz como bônus dois DVDs com o conteúdo completo desses vinte programas. O livro chega ao mercado por meio da Editora Planeta do Brasil e tem 384 páginas.
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