Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que mais de 50% da população mundial está ou já foi contaminada pela bactéria H. Pylori, que se instala na mucosa do trato digestivo que gera um processo inflamatório crônico podendo aumentar o risco de aparecimento de tumores. Isso não significa que a sua presença implica, necessariamente, em um diagnóstico de câncer, no entanto que, no Brasil, os casos de neoplasia no estômago mantêm uma média anual de pouco mais de 21 mil, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), número muito inferior aos casos de H. Pylori.
Mesmo não sendo determinante para o desenvolvimento do câncer, Marcos Vinicius, médico oncologista do Instituto de Câncer de Brasília, reforça ser necessário atenção com os sinais do organismo. “Grande parte das pessoas que contraem H. pylori não apresentam nenhum sintoma. Porém, a bactéria pode deteriorar a barreira natural que protege as paredes internas do estômago e do intestino, o que permite a circulação do ácido gástrico no trato digestivo. Isso resulta em sensação de queimação, falta de apetite, enjoo e vômito, por exemplo. Em casos mais graves, o paciente pode apresentar sangue nas fezes e quadro de anemia. Assim, ao apresentar qualquer um desses indícios, a indicação é buscar atendimento médico”, explica. Após uma avaliação, o profissional pode recomendar a realização de exames laboratoriais, como uma coleta de biópsia de tecido do órgão, a partir do qual são feitos testes para detecção da bactéria. Outra possibilidade é o teste de detecção respiratória da ureia, cujo resultado é obtido por meio de exame de sangue ou exame de fezes.
Assim como a infecção por H. pylori, Marcos esclarece que os sintomas de câncer de estômago são inespecíficos, o que dificulta o diagnóstico. Os principais sinais são: azia constante; dor na barriga frequente; náuseas e vômitos; perda de apetite e emagrecimento sem causa aparente, que também podem estar relacionados a outras doenças. “No entanto, também é comum que este tipo de neoplasia não cause nenhum indício específico, o que faz com que o tumor vá se desenvolvendo gradualmente e acabe sendo diagnosticado numa fase já muito avançada, quando as chances de cura são mais baixas. O ideal é que em casos de histórico familiar ou da presença de algum problema na região, passe em consulta com um gastroenterologista, que poderá avaliar e indicar a realização de exames, como a endoscopia, por exemplo, de forma a identificar se existe alguma alteração que precise de tratamento”, comenta.
Prevenção
Ao contrário de alguns tumores — como os cânceres de próstata, de colo uterino e mama, para os quais existem exames rotineiros que possibilitam o diagnóstico precoce — não há programas de rastreamento para o câncer de estômago. “Como estratégia preventiva, uma dieta rica em frutas e vegetais e pobre em carnes vermelhas, alimentos defumados, muito salgados ou embutidos, além da prática regular de exercícios físicos podem reduzir o risco de desenvolver a neoplasia”, afirma o especialista.
Já em relação ao H. pylori, como a infecção ocorre principalmente a partir do contato com água e alimentos contaminados ou vômito e fezes de pessoas que têm a bactéria, a higiene é a principal aliada. “É muito importante adotar alguns cuidados, como lavar as mãos antes de comer e após ir ao banheiro, higienizar frutas, verduras e legumes que serão consumidos crus, evitar compartilhar talheres e copos com outras pessoas, entre outras práticas”, finaliza Marcos.
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