Mais uma perda para a imprensa brasileira. Jornalista e filho de Mino Carta, Gianni Carta encerrou a luta que travava há anos contra um câncer nas vias biliares (colangiocarcinoma). Correspondente da revista Carta Capital na Europa, tendo como base a cidade de Paris, ele morreu no domingo, 5. O site da publicação para a qual trabalhava informa que a morte foi justamente por causa de decorrências da doença que vinha sendo tratada. A morte foi lamentada por jornalistas que conviveram com o comunicador.
Ex-correspondente da Veja na capital francesa, Antonio Ribeiro relembrou como foi seu convívio com Gianni Carta no trabalho de enviado internacional. “Gostávamos de brincar que tratávamos o mesmo mundo, mas com percepções de planetas distintos. Tivemos papos cordialíssimos e enriquecedores. Por vezes, nas longas esperas de um bacana, outras em cafés e em seus terraços. É uma imensa pena que Gianni tenha ido de forma tão prematura. Era um cara do bem. Meus mais profundos sentimentos a família e aos amigos”, publicou Antonio Ribeiro em sua conta no Facebook.
Mauricio Machado foi outro a lamentar a morte do jornalista da Carta Capital por meio da rede social. Ele destacou o talento do colega. “Recebo a triste notícia! Ufa! Se foi hoje Gianni Carta em Paris! Sim, jovem! Um querido, texto ótimo, savoir-vivre, humor e grande inteligência! Meus sinceros sentimentos ao Mino, Daisy, Manuela Carta e amigos! Valeu!”. Por meio do Facebook, ele informou que o corpo do correspondente internacional será cremado, não tendo nenhum ato de cunho religioso, como velório e missa de sétimo dia.
Diretor responsável pelo jornalismo do Grupo Bandeirantes de Comunicação, Fernando Mitre lembrou que a competência do colega foi além de atividades desenvolvidas para redações, como a produção de obras para o mercado editorial. “Perdemos um grande jornalista. Profissional completo, culto, correspondente em vários países e autor de livros importantes. Gianni Carta, da estirpe dos Carta (só isso já diz tudo …), morreu cedo, no auge da carreira. Não imagino o sofrimento do pai, Mino, e de toda a família”.
Deputado federal pelo PT do Rio Grande do Sul e com formação em jornalismo, Paulo Pimenta citou episódio em que conviveu com o jornalista da Carta Capital. “Muito triste a notícia do falecimento do brilhante jornalista e notável ser humano Gianni Carta, com quem conversei muito durante a Caravana com Lula pelo Sul no ano passado. Fará muita falta à democracia brasileira! Meus votos de força e paz à família”, publicou o parlamentar em seu perfil no Twitter.
Em texto para o Diário do Centro do Mundo (DCM), Joaquim de Carvalho relembra que Gianni Carta quase foi atingido por disparo feito contra o ônibus em que profissionais da imprensa estavam no movimento que acompanhava a viagem de Lula pelo Sul do país. O caso ocorreu meses antes de o ex-presidente da República ser preso pela Polícia Federal. Quanto ao disparo contra o ônibus, Joaquim de Carvalho cita que o jornalismo brasileiro poderia ter perdido o colega antes. “Um das balas acertou a poltrona de trás daquela em que Gianni Carta estava. Meio metro à direita, o disparo atingiria o jornalista”, escreve.
Gianni Carta também era cientista político. No jornalismo, sua história não se resume à colaboração à revista criada pelo seu pai, Mino Carta. Entre outros veículos de comunicação, trabalhou na IstoÉ e passou até por redações internacionais, casos da alemã Deutsche Welle e da britânica BBC World Service. Antes de se basear em Paris, foi correspondente em Nova York e Londres.
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