O ex-presidente da Odebrecht Transport, Paulo Cesena, afirmou em delação premiada à Lava-Jato que a Construtora Norberto Odebrecht fez dois empréstimos para a Editora Confiança, responsável pela revista Carta Capital, no valor total de R$ 3,5 milhões. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo, que afirma que a operação foi feita entre 2007 e 2009, a pedido do então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e executada pelo “departamento da propina”, ou Setor de Operações Estruturadas.
Antes de presidir a empresa, Cesena foi diretor financeiro da construtora. Ele disse que, em 2007, recebeu ordem de fazer aporte de recursos para a Editora Confiança – com a finalidade de apoiar financeiramente a Carta Capital, que passava por dificuldades – diretamente de Marcelo Odebrecht, então presidente da holding e atualmente preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, e também delator da investigação de corrupção e lavagem de dinheiro.
Odebrecht afirmou a Cesena que o apoio era um pedido de Mantega. “Entendi que esse aporte financeiro tinha por finalidade atender a solicitação do governo federal/Partido dos Trabalhadores, pois essa revista era editada por pessoas ligadas ao partido”, contou o executivo na delação.
Com medo que pudessem vir novos pedidos de dinheiro, o então presidente da holding pediu a Cesena que contribuísse com a revista para que eles organizassem suas finanças e concebessem plano de negócios sustentável. Assim, o executivo foi orientado a procurar o jornalista Mino Carta, diretor de redação da publicação, e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial da revista, para que a operação fosse negociada.
Segundo Cesena, a primeira reunião com os representantes da revista foi realizada no segundo semestre de 2007, na sede da editora, em São Paulo, com a participação de Mino Carta, Belluzzo e a diretora administrativa da editora, Manuela Carta. No episódio, ele afirmou terem sido mencionados apenas pontos relacionados ao plano de negócios da revista e iniciativas para aumentar as vendas.
Nos encontros posteriores, apenas Manuela compareceu. Cesena lhe comunicou que o empréstimo seria de R$ 3 milhões, por meio de um mútuo (empréstimo feito entre duas pessoas jurídicas), a ser pago em três anos, e que seriam cobrados juros à taxa de Certificado de Depósito Interbancário (CDI), acrescidos de 2% ao ano. Ele afirmou, ainda, que a “a operação e o pagamento à Carta Capital se deu na forma de mútuo oriundo do caixa dois da Construtora Norberto Odebrecht”.
Na delação, Cesena informou que o segundo empréstimo foi feito em 2009, solicitado por Belluzzo, desta vez no valor de R$ 500 mil. Novamente, após receber autorização de Marcelo Odebrecht, o apoio financeiro foi feito por meio do “departamento da propina”.
A Editora Confiança já teria honrado R$ 3 milhões da dívida por meio de patrocínios que a Odebrecht deu a eventos da Carta Capital de 2010 a 2012. “Em uma das reuniões que tive com Manuela Carta, a mesma me apresentou o planejamento de eventos que a editora iria promover e me questionou acerca do interesse em patrociná-los e que usaria esses recursos para amortizar o mútuo”, disse Cesena que, entre as provas, entregou e-mails e planilhas demonstrando a alocação de recursos e notas fiscais com o patrocínio aos eventos do veículo.
Em nota de esclarecimento publicada na tarde desta terça-feira, 13, e assinada por Manuela, a Carta Capital acusou O Globo de distorcer os fatos. De acordo com a revista, naquele momento o veículo procurou vários anunciantes em busca de reforço de caixa. Assim, o valor de R$ 3,5 milhões emprestados pela empreiteira seria referente a adiantamento de publicidade, negociado diretamente com a empresa por Mino e Belluzzo.
A revista afirma que o adiantamento foi pago por meio de anúncios e patrocínios de eventos como os seminários “Diálogos Capitais”, a premiação “As Empresas Mais Admiradas no Brasil” – em 2009, 2011, 2012, 2013 e 2014 – e o “Fórum Brasil”, em 2013 e 2014. Além disso, é declarado que a editora possui os registros e notas fiscais dos anúncios publicados e eventos realizados.
“Uma das maiores empresas do País, a Odebrecht regularmente anuncia e patrocina eventos em diversos veículos, entre eles, o próprio O Globo. Carta Capital não sabe e não tem obrigação de saber de onde vieram os recursos do adiantamento da verba de publicidade. Não existe carimbo em dinheiro e se trata de má-fé acreditar que o investimento na revista saiu de ‘um departamento de propina’ e o aplicado nos demais meios de comunicação tem origem lícita”, diz a revista.
No comunicado, o veículo menciona que o investimento publicitário da empreiteira se deu quando não havia nenhum sinal do envolvimento da empresa nas ilicitudes apontadas pela Operação Lava Jato. É dito, ainda, que outros meios de comunicação receberam verbas da Odebrecht em 2016 – quando a investigação já estava sendo feita –, e nem por isso podem ser acusados de conivência com qualquer tipo de atitude da empresa ou de defender este ou aquele interesse.
“Desconfiamos que o vazamento dessa citação distorcida a Carta Capital esteja relacionado ao fato de não termos abdicado do dever jornalístico de apontar os erros e abusos da Operação Lava Jato, além da nossa conhecida postura crítica em relação aos meios de comunicação, em grande medida responsáveis, no nosso entender, pelo clima de caça às bruxas reinante no Brasil. Nossa lisura e transparência, reforçadas semanalmente ao longo dos últimos 22 anos, não serão abaladas por essa classe de ilações”, finaliza o veículo.
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