Treze demissões. Foi assim que a Cásper Líbero terminou a última semana. Uma das mais tradicionais instituições de ensino com foco em comunicação, a faculdade desligou profissionais de todos os cursos, de acordo com a apuração da reportagem do Portal Comunique-se. Nas redes sociais e em grupos fechados no Facebook, alunos reclamam dos cortes, cobram explicações e afirmam que a medida se trata de perseguição política.
Após os cortes, representantes do Centro Acadêmico Vladimir Herzog, Lorena Alves e Thaís Chaves, participaram de reunião com o diretor da faculdade, professor Doutor Carlos Roberto da Costa. Em vídeo, elas relatam que buscaram explicações para as demissões, mas não encontraram muitas respostas. Durante a conversa, quatro motivos foram mencionados como geradores das dispensas: falta de respeito com o discente, avaliação negativa em pesquisa interna, falta de caráter e a não adequação ao projeto de gestão que está sendo implementado.
As jovens ainda relatam que não se sentiram confortáveis na reunião. “Éramos as únicas alunas representando o corpo discente em um encontro com o diretor da faculdade e com o corpo docente inteiro. [Carlos Costa] nos interrompeu muitas vezes, nos desrespeitou, tentou nos humilhar e encerrar a reunião de forma abrupta, em uma clara tentativa de silenciamento”, relatou Thaís Chaves no vídeo que conta com mais de 50 compartilhamentos. “Apoiamos os professores demitidos e temos a certeza de que essa luta não é em vão”, complementou Lorena Alves. Nesta segunda-feira, 18, as alunas irão retornar à instituição para nova conversa.
Com a situação, professores com mais de 10 anos de Cásper Líbero postaram textos no Facebook falando sobre momento. É o caso do vice-diretor, Roberto Chiachiri, que dedicou 14 à faculdade. “A Cásper Líbero foi uma etapa plena de realizações que, por minha iniciativa ou da própria instituição, me levaram a acreditar num trabalho sério e que pudesse contribuir para a construção de um mundo melhor por meio do conhecimento e da educação”, escreveu.
O professor Dimas Künsch, que dava aulas para a graduação e pós-graduação, também estava na faculdade há 14 anos. Ele afirma que o grupo cortado foi “demitido, ferido, mas não derrotado”. “Acreditamos que ser professores vale a pena, que há muito amor, garra e sentido social, político e cidadão no que fazemos. Somos gratos, imensamente gratos a tantos alunos e professores com quem pudemos dividir esses sentimentos no tempo que nos foi permitido trabalhar na Cásper Líbero”.
Outra professora que falou sobre o assunto foi a jornalista Cilene Victor. “O momento é difícil. Demissões na Cásper, na Metodista e em outras instituições deixam dezenas de professores doutores desempregados num país em frangalhos, mas diferentemente de quem não tem vida além do trabalho, perdemos o emprego, não nossas vidas que seguem o seu curso [quase] natural”.
A reportagem do Portal Comunique-se entrou em contato com a Cásper Líbero para entender as demissões. A faculdade afirma que o corte é previsto em todo final de ano. “A instituição leva em consideração as necessidades de atualização do corpo docente para o próximo ano, de acordo com avaliação realizada. Com aproximadamente 90 docentes, entre Graduação e Pós-Graduação, em janeiro já temos programado o processo seletivo para reposição das vagas”.
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